Canadá condena com parcialidade “sentenças severas” contra manifestantes cubanos

Por Agência de Notícias
23/11/2022 22:05 Atualizado: 23/11/2022 22:06

O Canadá comunicou a Cuba sua “grande preocupação” com a “repressão violenta” dos protestos no país e condenou as sentenças contra os manifestantes de 11 de julho de 2021, mas não indicou se sancionará o regime cubano, conforme solicitado por organizações de direitos humanos.

O Ministério das Relações Exteriores do Canadá disse à Agência EFE que transmitiu “aos mais altos escalões” do regime cubano sua preocupação com a repressão contra manifestantes, jornalistas e ativistas e que condena as “severas sentenças” dos manifestantes do 11 de julho, de até 13 anos de prisão, de acordo com a decisão divulgada este mês.

“O Canadá continuará expressando suas preocupações sobre violações de direitos humanos junto às autoridades cubanas”, disse à EFE a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores canadense, Sabrina Williams.

Ela também confirmou que autoridades canadenses se reuniram com a ONG Democratic Spaces, que no último dia 14 solicitou a Ottawa, junto com a organização Cuba Decide, que sancionasse o ditador cubano Miguel Díaz-Canel, assim como altos funcionários e entidades do regime por violações de direitos humanos.

A porta-voz não indicou se o Canadá irá sancionar o regime cubano, mas acrescentou que o governo canadense considera importante “dar voz aos defensores dos direitos humanos e compreender melhor suas preocupações, também para expressá-las às autoridades cubanas”.

Michael Lima, ativista de direitos humanos e diretor de Espaços Democráticos, confirmou à EFE que se reuniu no último dia 16 com altos funcionários do Ministério das Relações Exteriores e disse que, embora Ottawa não tenha anunciado sanções contra o regime, detectou uma mudança de mentalidade nas autoridades canadenses.

“Estamos satisfeitos que o Canadá entenda que Cuba é uma ditadura, uma das mais antigas do mundo, e que precisa haver justiça. Gostei de ver a mudança de mentalidade dos funcionários do governo canadense que entendem que os direitos humanos são sistematicamente violados em Cuba”, disse.

Lima culpou a diferente atitude do Canadá em relação a países como Venezuela, Nicarágua e Irã, aos quais Ottawa aplicou sanções semelhantes às solicitadas contra Cuba, devido à falta de informação sobre o que está acontecendo naquele último país.

“Estamos pedindo uniformidade na política externa (canadense)”, explicou.

O diretor de Espaços Democráticos considerou que o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, “admira” o regime cubano devido à amizade que seu pai, Pierre Trudeau, que governou o Canadá duas vezes, primeiro de 1968 a 1979 e depois de 1980 a 1984, teve com Fidel Castro.

“E se o primeiro-ministro tem essa posição, isso influencia a formulação da política externa”, afirmou.

 

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