As campanhas eleitorais de Juan Manuel Santos, em 2010 e 2014 e nas quais ele venceu a disputa para a presidência da Colômbia, receberam pagamentos ilegais feitos pela construtora Odebrecht, informou nesta quinta-feira (17) o Ministério Público do país.
Ainda de acordo com a promotoria, a campanha em 2014 de Óscar Iván Zuluaga, aliado do ex-presidente Álvaro Uribe, também recebeu pagamentos da empresa brasileira de forma irregular.
“A contribuição comprovada para a campanha de Juan Manuel Santos nas duas campanhas (em 2010 e no segundo turno de 2014) somadas são de 3,540 bilhões de pesos (cerca de US$ 881 mil)”, disse o coordenador da Unidade de Promotores Delegados à Suprema Corte, Gabriel Jaimes, em uma entrevista coletiva em Cartagena das Índias.
O promotor acrescentou que o dinheiro dado à campanha de Zuluaga, então candidato pelo partido uribista Centro Democrático, “no segundo turno da eleição presidencial de 2014, foi de 3,054 bilhões de pesos (cerca de US$ 740 mil)”.
Acusações contra Zuluaga
Em julho, promotores colombianos acusaram Zuluaga de receber pagamentos da Odebrecht na campanha de 2014, na qual ele perdeu no segundo turno para Juan Manuel Santos, que buscava a reeleição.
Durante a audiência de acusação contra o político e seu filho David, o promotor disse à Corte Suprema de Justiça que o ex-candidato havia aceitado uma contribuição ilegal de US$ 1,61 milhão da multinacional para sua campanha de 2014.
Zuluaga teria combinado, de acordo com o relato da promotoria, com o então representante da Odebrecht na Colômbia, Eleuberto Antonio Martorelli, o pagamento dessa quantia ao publicitário Duda Mendonça, algo que nunca foi reportado à autoridade eleitoral.
Por esse motivo, a promotoria formulou contra Zuluaga duas acusações de falsificação de documento particular, três acusações de fraude processual e uma acusação de enriquecimento ilícito de particulares, enquanto o filho foi acusado de fraude processual. Nenhum dos dois aceitou as acusações.
Caso Santos
Em relação a Santos, que foi presidente da Colômbia entre 2010 e 2018, o Ministério Público explicou que, “devido a sua condição de presidente, ele é uma pessoa com foro especial, cuja competência é da Comissão de Investigação e Acusação da Câmara dos Deputados”.
O ex-presidente e ganhador do Prêmio Nobel da Paz não comentou essa acusação.
As contribuições da Odebrecht para essas campanhas foram confirmadas em uma entrevista coletiva na qual o Ministério Público disse que acusará mais de 50 pessoas, incluindo 33 funcionários e ex-funcionários da Agência Nacional de Infraestrutura (ANI) e o empresário brasileiro Marcelo Odebrecht por supostas irregularidades em um contrato com a empresa para a construção da rodovia Ruta del Sol II.
Por esse caso, o Grupo Aval, de propriedade de Luis Carlos Sarmiento Angulo, um dos homens mais ricos da Colômbia, foi multado em US$ 40 milhões na última sexta-feira pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), que o acusou de “violar a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA)”.
O Grupo Aval é o acionista majoritário da Corficolombiana, uma empresa ligada a propinas pagas pela Odebrecht no país para ganhar o contrato de construção da rodovia Ruta del Sol II, que liga o centro e o norte do país.
A Corficolombiana, por sua vez, assinou um acordo de colaboração com a SEC, pelo qual pagará US$ 20 milhões.
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