A Câmara dos Deputados (Duma) da Rússia ratificou nesta quinta-feira (24) o tratado de associação estratégica integral com a Coreia do Norte, que contempla a assistência militar mútua em caso de agressão.
O líder russo, Vladimir Putin, encaminhou à Duma na semana passada um acordo desse tipo com Pyongyang, que enviou milhares de contêineres de armas e munições norte-coreanas nos últimos 30 meses, de acordo com a inteligência sul-coreana e ocidental.
Putin e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, assinaram o tratado durante a primeira visita do líder do Kremlin a Pyongyang em quase 25 anos. O documento, que gerou preocupações na Coreia do Sul e nos Estados Unidos, prevê “assistência no caso de um dos dois países ser atacado”, explicou Putin à época, acrescentando que o acordo visa “garantir a segurança e a estabilidade na península coreana e na região do nordeste asiático como um todo”.
O regime norte-coreano também garantiu, à época, que a cláusula de assistência militar com a Rússia segue a lei internacional, a carta de fundação da ONU e a legislação de ambos os países.
“Se um dos dois lados estiver sujeito a situações de guerra devido a uma invasão armada de um país individual ou de várias nações, o outro lado fornecerá assistência militar e de outra natureza sem demora, mobilizando todos os meios possíveis em seu poder”, diz o trecho do tratado divulgado pela agência de notícias estatal KCNA.
A ratificação do tratado ocorre em um momento em que há cada vez mais relatos de que militares norte-coreanos já estão na Rússia para combater na Ucrânia.
Segundo a inteligência sul-coreana divulgou na quarta-feira, Pyongyang já enviou 3.000 militares para a Rússia, onde estão treinando para o combate, embora, de acordo com Seul e Kiev, a Coreia do Norte possa mobilizar até 12.000 efetivos.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin, confirmou que as tropas norte-coreanas estavam sendo enviadas, embora não tenha mencionado números.
O tratado é “de natureza defensiva, não é dirigido contra a segurança de terceiros países e tem como objetivo manter a estabilidade na região do nordeste asiático”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrey Rudenko, ao plenário da Duma nesta quarta-feira.
“Trata-se de um tratado público, que será publicado. Não tem anexos. A época dos tratados secretos pertence ao passado”, declarou Rudenko aos repórteres, comentando as notícias da imprensa ocidental de que o documento ratificado teria pontos secretos.