Por Agência EFE
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, lançou na quarta-feira uma pergunta nas redes sociais sobre o que aconteceria se seu governo censurasse os meios de comunicação que “desinformam a população”.
“O que aconteceria se fizéssemos EXATAMENTE A MESMA COISA que a União Europeia e censurássemos a mídia que ‘desinforma a população’?”, postou o presidente em sua conta no Twitter.
¿Qué pasaría si hiciéramos EXACTAMENTE LO MISMO que la Unión Europea y censuráramos a los medios que “desinforman a la población”?
— Nayib Bukele (@nayibbukele) March 16, 2022
Minutos antes, Bukele também escreveu nesta rede social: “Dizem que o jornalismo monitora o governo… Mas quem monitora o ‘jornalismo’?”
Esta mensagem foi acompanhada pela publicação da rádio local YSKL que esclareceu que um acidente de trânsito não teve nada a ver com um micro-ônibus intervencionado pelo Governo.
“A Rota 42 (administrada pelo governo) não é a mesma que a Rota 42B, que foi a que sofreu o acidente. Está claro que muitos meios de comunicação estão por trás do golpe que estão fazendo ao povo salvadorenho”, disse o presidente.
Este meio divulgou uma “errata” na qual se desculpou por não especificar que a unidade danificada era “42B”.
A polícia salvadorenha informou no sábado a prisão do empresário de transporte coletivo Catalino Miranda por supostamente aumentar a passagem e obstruir vias públicas.
Após esta prisão, o governo Bukele apreendeu cerca de 300 ônibus e micro-ônibus, que na segunda-feira começaram a ser conduzidos pelos militares.
O presidente da Associação Nacional da Empresa Privada (ANEP) de El Salvador, Javier Simán, classificou esta ação como um “confisco”.
Essas publicações do presidente ocorreram poucas horas depois que um representante do Estado salvadorenho negou perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que El Salvador esteja “perseguindo” a imprensa.
“O Estado é firme em declarar que em hipótese alguma persegue, assedia ou estigmatiza pessoas ou entidades críticas à gestão do governo, sejam ou não jornalistas”, disse Jaime Rivera, funcionário do Ministério Público, falando em nome do Estado salvadorenho.
Em outubro de 2021, a CIDH observou em seu relatório sobre o país centro-americano que “está documentando (…) denúncias sobre o crescente ambiente hostil ao exercício da liberdade de expressão”.
A presidente da CIDH, Julissa Mantilla Falcón, reiterou nesta quarta-feira o apelo ao Estado salvadorenho para permitir uma visita que permita conhecer diretamente a situação da liberdade de expressão no país.
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