Os líderes do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) anunciaram nesta quinta-feira, no âmbito de sua cúpula em Joanesburgo, que o bloco irá explorar mecanismos para negociar com moedas locais em detrimento do dólar.
“Instruímos nossos ministros de Finanças e/ou governadores dos bancos centrais, segundo corresponda, a considerarem a questão das moedas locais, dos instrumentos de pagamento e das plataformas e nos informem antes da próxima cúpula”, prevista para ser realizada em 2024 na Rússia, afirmaram os líderes do grupo.
Esta orientação consta da chamada “Declaração de Joanesburgo II”, adotada pelos líderes e que inclui as conclusões da XV Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do BRICS, que começou na terça-feira e termina hoje na cidade sul-africana.
Em coletiva de imprensa, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse hoje durante a leitura das conclusões que o grupo percebe “um impulso global para o uso de moedas locais, acordos financeiros alternativos e sistemas de pagamentos alternativos”.
“Como BRICS, estamos prontos para explorar oportunidades para melhorar a estabilidade, a confiabilidade e a equidade da arquitetura financeira global”, destacou Ramaphosa, cujo país detém a presidência rotativa do bloco este ano.
“Encorajamos as instituições financeiras multilaterais e as organizações internacionais a desempenharem um papel construtivo na criação de um consenso global sobre políticas económicas”, acrescentou o presidente sul-africano.
A chamada “desdolarização” das economias do bloco, que é apoiada pelo Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos BRICS em 2015 e atualmente presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff, tem sido objeto de debates acesos na cúpula desta semana.
Nesse sentido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respaldou a “diversificação das fontes de pagamento em moedas locais” e defendeu a adoção de uma “moeda de referência para o comércio entre os países BRICS que não substituirá nossas moedas nacionais”.
Da mesma forma, o líder russo, Vladimir Putin, que participou por videoconferência, considerou “irreversível” a renúncia ao dólar nos intercâmbios e transferências entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Entre para nosso canal do Telegram