Os governos da Venezuela e da Guiana voltarão a se reunir nos próximos três meses, ou “em outro momento acordado”, desta vez no Brasil, para tratar de “qualquer assunto com implicações” para Essequibo – um território de cerca de 160 mil quilômetros quadrados rico em petróleo e disputado por Caracas e Georgetown.
A decisão foi tomada nesta quinta-feira, em São Vicente e Granadinas, em uma primeira reunião entre as partes.
O compromisso está contido em uma declaração conjunta, lida após a reunião no país insular entre o ditador venezuelano, Nicolas Maduro, e o presidente guianense, Irfaan Ali.
A reunião, inicialmente agendada para o primeiro trimestre do próximo ano, também vai abordar uma atualização a ser apresentada pela agora criada “comissão conjunta de ministros das Relações Exteriores e técnicos dos dois Estados”, a fim de “tratar de questões mutuamente acordadas”.
As partes também concordaram que o primeiro-ministro de São Vicente e Caribe e presidente rotativo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Ralph Gonsalves; o primeiro-ministro de Dominica e presidente da Comunidade do Caribe (Caricom), Roosevelt Skerrit; e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “continuarão a tratar do assunto como interlocutores”.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, atuará “como observador, com a concordância permanente” de Maduro e Ali.
O documento enfatiza que, “para evitar dúvidas, o papel” de Gonsalves “continuará mesmo depois que São Vicente e Granadinas deixar” a presidência da CELAC, e que Skerrit continuará como “membro da mesa” da Caricom.
Caracas e Georgetown concordaram em não se ameaçar mutuamente ou usar a força em nenhuma circunstância, incluindo aquelas “decorrentes de qualquer controvérsia”, como a disputa sobre Essequibo.
Além disso, eles “cooperarão para evitar incidentes em campo que levem a tensões” e, caso isso ocorra, “vão se comunicar imediatamente entre si”, com a Caricom, com a CELAC e com Lula para “conter, reverter e evitar que se repitam”.