O Brasil pagou até este mês R$ 1,3 bilhão para zerar pendências financeiras com instituições multilaterais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A informação foi passada nesta terça-feira (24), em nota conjunta assinada pelos ministérios das Relações Exteriores e do Planejamento.
Os aportes também incluem repasses para a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), além do Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O Itamaraty defende que esse pagamento assegura ao Brasil um poder de negociação nesses organismos.
“Se o Brasil cobra ação dos organismos e se diz defensor do multilateralismo, precisa pelo menos estar em dia com os pagamentos”, afirmou um diplomata. “Assim, pode sentar-se à mesa de negociação e fazer as cobranças que entende necessárias, por exemplo, de cumprimento de acordos e de repasses prometidos.”
A estratégia de Lula
A iniciativa é parte da estratégia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para reformar as instituições de governança global, garantindo que mais países, incluindo o Brasil, tenham voz nas decisões internacionais, de acordo com as pastas envolvidas.
“Com os pagamentos, o Brasil passa a integrar grupo seleto de países que estão plenamente em dia com suas obrigações financeiras na ONU, em um momento em que a organização enfrenta dificuldades de liquidez”, afirma a nota do governo. “A quitação dos compromissos reflete o sólido apoio do país aos mandatos da ONU e ao multilateralismo.”
O governo petista iniciou o pagamento das dívidas em 2023, desembolsando R$ 1,1 bilhão à ONU por missões de paz de anos anteriores. Agora, o pagamento que zerou a dívida também incluiu valores de tribunais penais.