A Argentina recebeu, nesta quinta-feira, a carta formal pela qual o Brasil formaliza seu retorno à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), de acordo com uma declaração do Ministério das Relações Exteriores argentino.
O chanceler argentino, Santiago Cafiero, recebeu hoje a carta formal do embaixador brasileiro no país, Reinaldo José de Almeida Salgado.
Dessa forma, o Brasil volta à CELAC após a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 16 de janeiro de 2020, de suspender sua participação, alegando que o mecanismo apoiava regimes não democráticos, como os de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Com esta formalização, o mecanismo intergovernamental de coordenação política, criado em fevereiro de 2010, voltou a contar com os seus 33 membros.
O organismo, que reúne quase todos os membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), com exceção dos Estados Unidos e do Canadá, mas com a presença de Cuba, foi uma iniciativa do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou ao poder para um terceiro mandato.
A próxima Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CELAC acontecerá no dia 24, em Buenos Aires, evento que contará com a presença de Lula.
De acordo com o comunicado, o presidente chegará à Argentina no dia 23, quando manterá um encontro bilateral com o mandatário argentino, Alberto Fernández, e no dia seguinte participará da Cúpula do fórum do qual a Argentina exerce a presidência pro tempore.
No encontro, do qual também participou o vice-chanceler argentino, Pablo Tettamanti, o embaixador do Brasil na Argentina agradeceu os pronunciamentos do governo de Fernández sobre “a destruição sem precedentes e os atos de vandalismo ocorridos nas sedes dos três poderes do Brasil” no último domingo, acrescentou o comunicado.
Ernesto Araújo e a CELAC
Em entrevista exclusiva cedida ao Epoch Times e à NTD, em dezembro, o ex-chanceler Ernesto Araújo, respondeu ao jornalista Marcos Schotgues, do Epoch Times, sobre a CELAC. Araújo foi decisivo para que o Brasil suspendesse sua participação no órgão durante a gestão anterior. Confira o trecho da entrevista sobre o tema, que pode ser apreciada na íntegra ao final da reportagem.
Marcos: Você falou sobre países que oprimem seus povos, e salvo engano, foi por esse motivo que o Sr. afastou o Brasil da CELAC, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, uma organização multilateral que, além da Venezuela abriga Nicarágua e Cuba – agentes totalitários. Agora, outra medida pretendida, pela possível futura gestão, é trazer o Brasil de volta para a CELAC, praticamente de imediato pelo que se noticia. Então, Ernesto, por que o Brasil saiu da CELAC? O que representa essa volta e quais os riscos envolvidos?
Ernesto: É curioso, porque essa administração Lula vem no embalo de uma percepção criada pela mídia e pelas correntes políticas do sistema no Brasil, de que eles são os representantes da democracia. Muito bem! Então, qual é o caso da CELAC? Nós, quando a presidência da CELAC estava passando para o México, o México assumiu e começou a querer transformar a CELAC, que é um órgão de todos os países latino-americanos e caribenhos, em uma plataforma para legitimar os regimes antidemocráticos, para usar um eufemismo, da Venezuela, Cuba e Nicarágua principalmente. Ou seja, dar palco para esses regimes.
E, além disso, a CELAC visava a, digamos, abrir as portas da América Latina para a China comunista. Uma das principais funções da CELAC é ser uma espécie de Organização dos Estados Americanos (OEA) sem os Estados Unidos, potência democrática, e com a China, potência totalitária. A China é que, digamos, tende a ser o grande beneficiário dessa integração. A CELAC é para facilitar a entrada dos interesses chineses, que são sempre interesses que entram a favor dos projetos totalitários na América Latina.
Então nós falamos: “O Brasil não está aqui para ficar batendo palmas, na plateia, para apresentações de tiranos, de regimes que tiranizam seus próprios povos. Nós temos compromisso com democracias. Para nós, a integração latino-americana tem que ser com base na democracia, na liberdade”. Isso que nós tentamos com a criação do PROSUL, por exemplo, que imagino que o governo Lula vai abandonar.
E nós não queremos também que isso aqui seja uma claque para a China comunista. Relações com a China, bilaterais. As relações com a China, administradas de uma maneira a não cedermos nossa soberania e cuidarmos do nosso interesse econômico sem condicionar todas nossas decisões estratégicas à China. Na verdade, essa CELAC que o México, que é um país hoje muito ligado ao Foro de São Paulo, estava montando, era isso.
Então não denunciamos a nossa participação na CELAC, ou seja, não saímos definitivamente, mas suspendemos e falamos: “enquanto a CELAC for isso aqui, nós estamos fora. Nós estamos pela democracia, pela soberania”. Então, agora também, Infelizmente, não surpreende que um governo que, por cima do pano, fala que é democracia, mas por baixo do pano gosta mesmo é de Maduro, de ditadura, de regime opressor… então não surpreende que volte à CELAC , que é, infelizmente, embora tivesse uma vocação que poderia ser do bem, se tornou um mecanismo para promover as ditaduras latino-americanas e a aliança dessas ditaduras com a ditadura chinesa.
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