Os governos do Brasil e do Chile assinaram, nesta segunda-feira (5), 19 acordos bilaterais, além de outros atos. As medidas abrangem os setores de turismo, ciência e tecnologia, defesa, agropecuária e direitos humanos, com foco em relações comerciais e investimentos.
Embora os dois países já tenham mais de 90 acordos bilaterais em vigor e uma relação de negócios significativa, essa nova colaboração tem o objetivo de ampliar a diversificação, conforme divulgou o governo federal.
O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, com um movimento anual em torno de US$12,3 bilhões (aproximadamente R$69,4 bilhões). As principais exportações chilenas para o Brasil são cobre, pescados e minérios.
Em contrapartida, o Chile é o sexto maior destino de produtos brasileiros, liderados por petróleo, carne bovina e automóveis.
Só em produtos agrícolas, o Brasil vende anualmente para o Chile cerca de US$1,5 bilhão (aproximadamente R$8,4 bilhões).
Um dos pontos do novo acordo assinado é a certificação eletrônica para bebidas, com o objetivo de combater a fraude. Além disso, Chile e Brasil estabeleceram a reciprocidade para produtos orgânicos para facilitar o intercâmbio de mais de 2.500 produtos, segundo disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Lula é vaiado no Chile em ato oficial
Ainda nesta segunda-feira, durante um ato oficial em homenagem ao general Bernardo O’Higgins, um dos militares de maior importância na independência do Chile, o mandatário petista enfrentou uma saraivada de vaias do público ao ser convidado pelo mestre de cerimônias do evento para colocar flores no monumento.
Além de Fávaro, vários outros ministros brasileiros, entre eles Mauro Vieira (Relações Exteriores), Nísia Trindade (Saúde), estavam presentes, assim como o assessor especial para assuntos internacionais do governo, Celso Amorim.
A reação negativa da população chilena à presença do presidente brasileiro decorre do fato de Lula ter mantido silêncio sobre a polêmica envolvendo o resultado das eleições na Venezuela.
O presidente chileno afirmou que “era difícil” acreditar na reeleição do ditador Nicolás Maduro. Essa opinião deixou os dois líderes da esquerda na América Latina, Boric e Lula, em situações contrastantes.
Depois de um encontro privado com Boric, quebrou o silêncio e Lula falou sobre a situação venezuelana. O presidente brasileiro tentou adotar um tom conciliador, sem deixar claro qual seria seu posicionamento sobre a suposta vitória de Maduro.
“O respeito pela tolerância e pela soberania popular é o que nos move a defender a transparência dos resultados”, disse o petista. “O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e a promover o entendimento entre governo e oposição.”
Lula chegou a Santiago na noite deste domingo (4). Esta foi sua primeira visita ao Chile sob o comando do colega socialista Gabriel Boric. A viagem estava programada para maio, mas foi adiada devido à tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul.