Brasil, Colômbia e México, que tentam mediar uma solução para a atual crise na Venezuela, insistiram nesta quinta-feira (08) na divulgação dos resultados de todas as mesas de votação por parte do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e não do Tribunal Supremo, para onde supostamente foram enviados.
Os chanceleres dos três países afirmaram em um comunicado que “consideram fundamental a apresentação por parte do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) dos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, detalhados por mesa de votação”.
Eles acrescentaram que tomaram conhecimento de que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela iniciou um processo em relação ao processo eleitoral, mas consideram que é o Conselho Nacional Eleitoral o “órgão ao qual cabe, por mandato legal, a divulgação transparente dos resultados eleitorais”.
Os ministros das Relações Exteriores dos três países, que afirmaram ter recebido um mandato dos chefes de Estado para continuar dialogando sobre a situação na Venezuela, reafirmaram a conveniência de que o regime de Nicolás Maduro permita a verificação imparcial dos resultados eleitorais.
Diante da incerteza existente no país e da violência gerada por algumas manifestações, pediram “cautela e moderação” a todas as partes e expressaram sua disposição para promover um diálogo entre governo e oposição que permita que a crise seja superada soberanamente pelos venezuelanos.
Os ministros “reiteram o apelo aos atores políticos e sociais do país para que exerçam a máxima cautela e moderação em manifestações e eventos públicos e às forças de segurança do país para que garantam o pleno exercício desse direito democrático dentro dos limites da lei”, segundo o segundo comunicado conjunto dos três países.
De acordo com os governos do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do colombiano Gustavo Petro e do mexicano Andrés Manuel López Obrador, o respeito aos direitos humanos deve prevalecer em qualquer circunstância.
Os ministros reiteraram que manterão suas “conversações em alto nível”, mas com pleno respeito à soberania e à vontade do povo venezuelano, pois confiam que a solução para a situação atual surgirá na Venezuela.
“Neste sentido, reiteram sua disposição de apoiar os esforços de diálogo e busca de entendimentos que contribuam para a estabilidade política e a democracia no país”, conforme a nota.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou a vitória do ditador Maduro nas eleições sem fornecer evidências, enquanto a oposição apresentou em um site milhares de atas de votação que dariam uma vitória esmagadora a Edmundo González Urrutia, apoiado pela líder María Corina Machado, que foi impedida de registrar sua candidatura.
Machado diz confiar que, com o apoio de Brasil, Colômbia e México, possam “estabelecer termos claros, firmes e efetivos” para uma transição de poder na Venezuela.