Durante a cúpula de líderes do G20, o Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil assinou um memorando de entendimento para viabilizar o transporte de gás dos campos de Vaca Muerta, na Argentina, para o Brasil.
O pacto define as bases para o uso de infraestruturas existentes, como as rotas já utilizadas para importar gás boliviano, garantindo o fluxo contínuo do insumo.
O gás extraído de Vaca Muerta, uma das maiores reservas de gás de xisto do mundo, surge como alternativa ao gás boliviano, cuja produção tem caído, criando desafios para o abastecimento brasileiro.
Apesar de possuir grandes reservas de gás natural, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em aproveitá-las devido à falta de infraestrutura adequada.
Grande parte do gás, extraído junto ao petróleo, é queimada ou reinjetada nos poços para manter a pressão e aumentar a produção de petróleo.
No Brasil, essa reinjeção ultrapassa 40%, muito acima da média mundial de 25%, indicando a necessidade urgente de melhorar a gestão dos recursos energéticos.
A importação do gás de Vaca Muerta oferece uma alternativa mais barata ao gás atual, cujo custo varia de US$ 7 a US$ 8 por milhão de BTU.
No entanto, a exploração desse gás por meio de fraturamento hidráulico, conhecido como “fracking”, pode acarretar riscos ambientais significativos, como a contaminação de lençóis freáticos e a ocorrência de atividades sísmicas.
A exploração também afeta comunidades indígenas, gerando debates sobre a sustentabilidade do modelo.
O acordo com a Argentina pode ainda beneficiar usinas termoelétricas brasileiras, muitas das quais utilizam carvão e óleo.
A transição para o gás natural, mais limpo, poderia reduzir as emissões de gases poluentes e contribuir para uma matriz energética mais sustentável, diante da crescente demanda por energia no país.