A Ucrânia sofreu ataques em massa com mísseis da Rússia em cidades pelo país na segunda-feira (8). Autoridades locais dizem que ao menos 31 pessoas morreram até a data da reportagem, com números crescentes sendo divulgados.
Pelo menos 17 pessoas morreram e outras 35 ficaram feridas em Kiev, capital da Ucrânia. O ataque, dito o pior a alvejar a cidade em 4 meses, atingiu ali um hospital infantil.
Os pacientes do hospital estão sendo evacuados para hospitais municipais, enquanto há receios de que pessoas ainda possam estar sob os escombros, que os serviços de emergência ucranianos estão tentando remover.
Segundo o chefe da Administração Militar Regional, Sergey Popko, cinco crianças foram retiradas do prédio destruído para “rehospitalização”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, destacou no Telegram que o hospital infantil Okhmadit em Kiev “é um dos mais importantes não só na Ucrânia, mas também na Europa”.
“Okhmadit salvou e devolveu a saúde de milhares de crianças”, enfatizou.
“Agora o hospital foi danificado por um ataque russo, com pessoas presas nos escombros, e o número exato de feridos e mortos é desconhecido. Agora todos estão ajudando a limpar os escombros: médicos e pessoas comuns”, relatou..
Segundo Popko, em decorrência do impacto de um míssil em Kiev, fragmentos caíram em sete bairros da capital, nos quais foram danificados um prédio de escritórios, garagens, carros e uma casa particular, além de causar incêndios em prédios residenciais e estabelecimentos comerciais.
Na cidade Kryvy Rih, no centro-leste do país e local onde nasceu o presidente Volodymyr Zelensky, 10 pessoas morreram devido ao ataque, de acordo com o prefeito do município, Oleksandr Vilkul.
“Há 10 mortos, 41 feridos já estão no hospital, nove deles em estado grave”, escreveu Vilkul no seu canal do Telegram, onde disse que “houve vários impactos” do ataque de mísseis, entre eles contra um edifício administrativo de uma indústria de Kryvy Rih.
Entre os falecidos estão seis mulheres e quatro homens, acrescentou Vilkul em outra mensagem, na qual também atualizou o número de feridos, que passou de 31 para 41 em poucas horas.
Na cidade de Dnipro, um homem foi morto no ataque, e outras seis pessoas ficaram feridas, uma delas gravemente, disse o chefe da Administração Militar Regional de Dnipropetrovsk, Sergey Lysak, no Telegram.
Houve relatos de ataques com mísseis também nas cidades de Krivoy Rog, Slaviansk e Kramatorsk, na região oriental de Donetsk e parte do front de batalha da guerra com a Rússia recentemente.
Segundo Zelensky, as forças russas lançaram mais de 40 mísseis de vários tipos sobre estas áreas. A Força Aérea ucraniana disse que 38 mísseis foram lançados a partir da Rússia, dos quais 30 foram interceptados antes de atingiram seus alvos.
“O mundo deve reagir de forma decisiva a este crime”, declarou o chefe da Força Aérea ucraniana, Oleksandr Oleshchuk, que insistiu na exigência ucraniana de que aliados ocidentais de Kiev levantem restrições ao uso de armas vindas de seus países contra alvos militares localizados na Federação Russa.
Kiev pede para poder atingir infraestruturas militares em território inimigo sem limitações visando neutralizar os locais de lançamento de ataques russos, destruindo, por exemplo, os aeródromos e aviões com os quais a Rússia lança mísseis.
“O mundo inteiro deve trabalhar arduamente para pôr fim aos ataques russos de uma vez por todas. Apenas juntos podemos alcançar a paz e a segurança verdadeiras”, disse o presidente ucraniano.
Zelensky disse que a Rússia não pode alegar que não sabe para onde voam os seus mísseis e deve “prestar contas por todos os seus crimes: contra as pessoas, contra as crianças, contra a humanidade em geral”.
“É muito importante que o mundo não fique calado sobre isto agora e que todos vejam o que a Rússia é e o que está fazendo”, insistiu
Moscou nega alvejar civis
O ministério da Defesa da Rússia negou ter atacado deliberadamente alvos civis na Ucrânia durante o bombardeio, que seria direcionado a empresas da indústria militar e bases aéreas ucranianas.
“As declarações dos representantes do regime de Kiev sobre o ataque supostamente deliberado com mísseis da Rússia contra alvos civis não correspondem de forma alguma à realidade”, afirmou a pasta em um comunicado.
A Defesa russa argumentou que “as múltiplas fotos e vídeos publicados em Kiev confirmam inequivocamente que a destruição foi causada pela queda de um míssil antiaéreo ucraniano lançado dentro da cidade”.
O comando russo denunciou ainda que “este tipo de histeria do regime de Kiev acontece sempre nas vésperas de cada nova cúpula dos seus patrocinadores da OTAN”, em referência à reunião da Aliança Atlântica que começará na terça-feira (9) em Washington.
“O objetivo deste tipo de provocação é garantir o financiamento do regime de Kiev e continuar a guerra até o último ucraniano”, acrescentou.
O comunicado da Rússia especifica que, nas primeiras horas da manhã, “em resposta às tentativas de Kiev de danificar alvos energéticos e econômicos russos, as Forças Armadas russas lançaram um ataque massivo com armas de alta precisão e longo alcance contra alvos da indústria militar da Ucrânia e as bases aéreas do Exército ucraniano”.
“Os objetivos foram atingidos e destruídos”, acrescentou a pasta de Defesa russa.
Com informações de Agência EFE e AP