SANTA CRUZ, Bolívia — líderes sindicais e membros cívicos da cidade boliviana de Santa Cruz pediram para empresas de transporte e trabalhadores que se unissem no que chamam de “greve civil indefinida”, em resposta à uma nova lei aprovada pelo legislativo do país que alguns chamaram de “porta para o comunismo”.
A greve contra o partido socialista e o governo do presidente Luis Arce começou no dia 8 de novembro. A ação foi em resposta à nova lei, número 386, oficialmente intitulada “Estratégia Nacional de Combate à Legitimação de Lucros Ilícitos e Financiamento do Terrorismo”.
A lei permite que o presidente da nação regule aspectos do sistema financeiro da nação estritamente por decreto. O senador Rodrigo Paz Pereira afirmou que a lei “estabeleceu um tripé de controle e poder sobre o país”.
A lei centraliza grandes áreas da estrutura de poder da Bolívia e permite que o governo acesse contas bancárias privadas, o que tem feito que muitos bolivianos se preocupem com o futuro do seu dinheiro e de seus negócios.
“Esta lei é escandalosa e deve ser revogada”, afirmou Ronnie Marancenbaum, engenheiro civil e organizador do protesto, ao Epoch Times.
Enquanto lidava com um das centenas de quarteirões bloqueados em toda a cidade, que buscam parar a economia, Marancenbaum afirmou que essa lei é uma ladeira escorregadia que levará a nação por um caminho perigoso: “Eles estão tentando tirar nossa propriedade privada e nossa liberdade”.
Ele afirma que a nova lei também permitirá que o governo confisque ativos bancários se suspeitar que alguém está fazendo algo ilegal.
“O governo está tentando colocar este país em um sistema comunista. É uma porta para o comunismo”, declarou Marancenbaum.
Em um bairro residencial, um grupo de homens patrulhava as barricadas feitas de cordas, pedras, bandeiras e pneus velhos.
“Não concordamos com o que o governo está fazendo”, afirmou um homem que pediu ao Epoch Times para ser chamado de Monge, temendo represálias policiais.
Monge afirma que a nova lei permitiria ao governo contornar os tribunais ao tomar decisões legais. “Você poderia ser encarcerado sem um processo legal completo. Essa lei deve ser abolida”, declarou.
A convocação à greve em nível nacional encontrou apoio em outras cidades e departamentos, com manifestações contra o presidente do partido socialista, Arce, em La Paz e Potosí.
Arce respondeu com sua opinião sobre a greve nacional por meio do Twitter: “Há um ano estamos reconstruindo a economia em união e a direita tem medo dessa união do povo boliviano”.
De volta às ruas de Santa Cruz, centenas de pessoas continuaram a realizar bloqueios em uma das principais ruas da cidade, durante a noite de 8 de novembro. Entre eles estava a universitária Adriana López, que afirma que o amor é a razão de seu protesto. “Estou aqui porque amo o meu país. Sou jovem, mas quero um grande futuro aqui na Bolívia”.
Diego Infante, empresário em Santa Cruz, relatou que a polícia já respondeu agressivamente a alguns dos manifestantes. “A polícia não deveria ser assim, ela deveria reconhecer o direito das pessoas de protestar pacificamente, o que está em nossa Constituição”, afirmou ao Epoch Times.
No dia 9 de novembro, a polícia atacou os manifestantes no bairro Los Lotes de Santa Cruz com canhões de água e gases lacrimogêneos, aprisionando vários manifestantes que estavam por interromper o fluxo do tráfego com bloqueios de estradas.
“A Constituição boliviana nos permite fazer isso [protestar], mas na Venezuela o que estamos fazendo é ilegal”, afirmou Monge.
“Eles estão tentando transformar-nos na Venezuela.”
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