Bolívia: Ministério Público abre processo criminal contra Evo Morales por fraude eleitoral

Juan Lanchipa afirma que o Ministério Público de La Paz abriu um novo caso contra Morales

Por Yeneira Ortega
19/02/2020 23:22 Atualizado: 20/02/2020 08:43

Por Yeneira Ortega

O Ministério Público de La Paz decidiu abrir um processo criminal contra o ex-presidente Evo Morales e outras ex-autoridades por suposta fraude eleitoral nas eleições de 20 de outubro na Bolívia.

O procurador-geral do Estado, Juan Lanchipa, informou a imprensa na quarta-feira que o Ministério Público de La Paz abriu um novo caso contra Morales, o ex-vice-presidente Álvaro García Linera e os ex-ministros Juan Ramón Quintana, Héctor Arce e Carlos Romero.

Na semana passada, o candidato à presidência da aliança Citizen Community, Carlos Mesa, apresentou um memorial à Procuradoria Geral da República em Sucre, capital da Bolívia e sede do Judiciário, para incluir esses ex-funcionários na investigação de suposta fraude eleitoral.

O ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005) disse que “a Bolívia não permitirá que os autores de fraudes fiquem impunes”.

O julgamento busca que “nunca mais um presidente do Estado, abusando de seu poder, zombe do voto do povo”, explicou o advogado de Mesa, Carlos Alarcón.

“É um fato de justiça, então, era inadmissível que apenas os seis membros eleitorais fossem processados ​​quando não agiram nessa fraude em benefício próprio. Eles fizeram isso em benefício do ex-presidente Morales e sua liderança do governo”, acrescentou Alarcón.

A investigação

A Promotoria abriu uma investigação contra os sete ex-tribunais do Supremo Tribunal Eleitoral por suposta fraude nas últimas eleições de 20 de outubro, das quais seis estão em prisão preventiva e uma em domicílio.

Essa investigação foi iniciada após um relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos (OEA), que identificou irregularidades nas eleições.

A Procuradoria Geral da República teve que analisar se Morales e as outras ex-autoridades foram incluídas nesse caso ou se outra investigação foi aberta.

Após as denúncias de organizações internacionais de irregularidades nas eleições, Morales anunciou em 10 de novembro sua renúncia, em meio a pressões de policiais e comandantes militares, entre outros.

O governo de transição da Bolívia promulgou uma lei em novembro que anulou as eleições de 2019 e estabeleceu a base para um novo processo eleitoral programado para o próximo dia 3 de maio.

O paradeiro

O ex-presidente partiu para o México em novembro e depois se mudou para a Argentina em dezembro, onde solicitou refúgio, acompanhado por García Linera nos dois países.

Enquanto os ex-ministros da Presidência Juan Ramón Quintana e o juiz Héctor Arce ficaram na residência da Embaixada do México em La Paz, aguardando uma conduta segura que o governo de Jeanine Áñez não lhes concedeu para deixar o país.

Morales é o líder da campanha de seu partido em face das novas eleições de 3 de maio e está concorrendo ao Senado pela região boliviana de Cochabamba.

Além desta investigação, uma ordem de apreensão do promotor da Bolívia pesa sobre o ex-presidente a depor, depois de ter sido denunciado pelo governo interino do país por supostos crimes como o terrorismo.