O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou ao Brasil nesta terça-feira para a sua primeira visita oficial ao país, em meio a uma crise diplomática entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Blinken se reunirá em privado com Lula na quarta-feira, em Brasília, e depois partirá para o Rio de Janeiro para a reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20, onde se encontrará com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
Um dos tópicos a serem discutidos com o presidente brasileiro será a guerra na Faixa de Gaza, depois que Israel declarou Lula “persona non grata” no país por ter comparado a ofensiva israelense no enclave palestino ao Holocausto.
O governo brasileiro descreveu nesta terça-feira a posição adotada pelo governo de Netanyahu como “vergonhosa” e “inaceitável”. Por sua vez, os Estados Unidos, um firme aliado de Israel, expressou sua discordância com a comparação feita por Lula.
Essa crise diplomática eclodiu enquanto os Estados Unidos se mostravam dispostos a aprovar, pela primeira vez no Conselho de Segurança da ONU, uma resolução que pedia um cessar-fogo na Faixa de Gaza, ainda que temporário.
Na reunião, Lula e Blinken também discutirão a situação da Venezuela depois que a inelegibilidade da candidata presidencial da oposição, María Corina Machado, foi confirmada e que o regime liderado por Nicolás Maduro expulsou o Escritório de Direitos Humanos da ONU do país.
Washington está satisfeito com a mediação do Brasil na disputa territorial pela região do Essequibo (Guiana) e quer que Lula agora use sua influência sobre Maduro para salvar os acordos de Barbados entre o chavismo e a oposição, que estabeleceram um caminho para eleições democráticas neste ano na Venezuela.
O presidente Biden construiu um relacionamento melhor com Lula do que com seu antecessor, Jair Bolsonaro, um admirador declarado do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
No entanto, também houve tensões entre os dois porque Lula criticou o apoio dos EUA à Ucrânia e mostrou certa sintonia com a Rússia de Vladimir Putin.
Todas as atenções estão voltadas para a reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20 na quarta e quinta-feira no Rio de Janeiro, onde Blinken e Lavrov se encontrarão pela primeira vez desde a morte na prisão do oposicionista russo Alexey Navalny.
Ainda não está confirmado se os dois se encontrarão brevemente em particular, como fizeram na reunião ministerial do G20 do ano passado, na Índia.
A reunião dos ministros servirá para preparar a cúpula dos líderes do G20 que o Rio sediará em novembro, da qual Biden pode participar, embora ainda haja dúvidas porque a reunião ocorrerá logo após as eleições nos EUA.