Blinken cancela reunião com Lavrov da Rússia e afirma que invasão da Ucrânia está ‘começando’

Rússia foi atingida por uma nova onda de sanções por ordenar tropas às regiões separatistas da Ucrânia

23/02/2022 14:46 Atualizado: 23/02/2022 14:46

Por Isabel Van Brugen

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou na terça-feira que cancelou uma reunião marcada para quinta-feira com seu homólogo russo, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, devido à decisão de Moscou de reconhecer as regiões separatistas da Ucrânia como entidades independentes.

Logo após uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em Washington, Blinken afirmou a repórteres que, dadas as circunstâncias, uma reunião entre ele e Lavrov não aconteceria como planejado.

“Agora que vemos que a invasão está começando e a Rússia deixou claro sua rejeição total à diplomacia, não faz sentido avançar com essa reunião neste momento”, declarou Blinken. “Consultei nossos aliados e parceiros – todos concordam”.

A decisão decorre do anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, o qual, na segunda-feira, declarou que reconheceria oficialmente a autoproclamada República Popular de Donetsk e a República Popular de Luhansk, dois enclaves apoiados pelo Kremlin que acusaram as forças armadas ucranianas de bombardeios e tensões deflagradas – alegações que a Ucrânia negou inequivocamente.

Os Estados Unidos e as autoridades ucranianas têm alertado que esperam que Moscou possa fabricar “pretextos” para justificar uma invasão à Ucrânia.

Putin assinou um decreto emitido pelo Kremlin na segunda-feira autorizando tropas militares russas a entrar em Donbass, no leste da Ucrânia, afirmando que “manterão a paz”. Forças de operações especiais russas foram relatadas em Donbass em várias ocasiões desde a crise da Crimeia em 2014.

Blinken relatou que os Estados Unidos continuam comprometidos com a diplomacia “caso Moscou mude sua abordagem” e se a Rússia estiver “preparada para tomar medidas demonstráveis ​​para fornecer à qualquer grau de confiança a comunidade internacional, se comprometendo com a desescalada e a encontrar uma solução diplomática”.

Ele acrescentou que faria qualquer coisa que pudesse “para evitar um cenário ainda pior, um ataque total a toda a Ucrânia, incluindo sua capital”.

“Mas não permitiremos que a Rússia reivindique a pretensão de diplomacia ao mesmo tempo em que acelera sua marcha pelo caminho do conflito e da guerra”, afirmou Blinken a repórteres.

Blinken disse que informou Lavrov em uma carta sobre sua decisão de cancelar a reunião.

Militares da Ucrânia sentam-se na traseira de um caminhão militar na cidade de Avdiivka, região de Donetsk, na linha de frente do leste da Ucrânia com separatistas apoiados pela Rússia, no dia 21 de fevereiro de 2022 (Aleksey Filippov/AFP via Getty Images)
Militares da Ucrânia sentam-se na traseira de um caminhão militar na cidade de Avdiivka, região de Donetsk, na linha de frente do leste da Ucrânia com separatistas apoiados pela Rússia, no dia 21 de fevereiro de 2022 (Aleksey Filippov/AFP via Getty Images)

A Rússia foi atingida por uma nova onda de sanções por ordenar tropas às regiões separatistas da Ucrânia.

Os Estados Unidos, a União Europeia, o Canadá e a Grã-Bretanha anunciaram planos para atingir bancos e elites, enquanto a Alemanha suspendeu um grande projeto de gasoduto da Rússia.

Moscou negou repetidamente que esteja planejando uma invasão, apesar das estimativas de autoridades ocidentais de que a Rússia reuniu mais de 150.000 soldados perto de suas fronteiras com a Ucrânia.

De acordo com a empresa americana Maxar, as imagens de satélite nas últimas 24 horas mostram várias novas tropas e equipamentos no oeste da Rússia e mais de 100 veículos em um pequeno aeródromo no sul da Bielorrússia, que faz fronteira com a Ucrânia

“Esse é o começo da invasão russa”, afirmou o presidente Joe Biden, na terça-feira.

A Casa Branca também declarou na terça-feira que uma reunião entre Biden e Putin “certamente não está nos planos”. A secretária de imprensa, Jen Psaki, disse no domingo que Biden havia “aceitado em princípio” uma reunião com Putin, mas apenas “se uma invasão não tivesse acontecido”.

A Reuters contribuiu para esta reportagem.

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