Durante a sua presidência, Bill Clinton perdeu os códigos de confirmação necessários para o lançamento de armas nucleares, revelaram dois altos oficiais militares aposentados em suas memórias.
O general Hugh Shelton serviu sob Clinton como presidente do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos. Ele também publicou recentemente um livro de memórias, “Without Hesitation: The Odyssey of a American Warrior“.
No livro, ele recorda a preocupante situação, informou a ABC News.
“Em certo ponto durante o governo Clinton”, escreve Shelton, “os códigos estiveram realmente perdidos por meses. … Isso é um grande problema – um problema gigantesco.”
Os códigos são mantidos num pequeno cartão de plástico que o presidente sempre carrega consigo.
“Como presidente, eu não carregava carteira, dinheiro, documento de motorista ou chaves nos meus bolsos – apenas os códigos secretos que eram capazes de provocar a aniquilação de grande parte do mundo tal como a conhecíamos”, escreveu Ronald Reagan em sua autobiografia “An American Life“.
O cartão é apelidado de “biscoito” e tem a função de provar ou reconhecer que a autorização para um ataque nuclear de fato vem do presidente.
Shelton disse que ninguém nunca revelou que Clinton perdeu o “biscoito”. Mas um tenente-coronel aposentado da Força Aérea, Robert Patterson, lembrou um episódio similar em seu livro, “Dereliction of Duty: Eyewitness Account of How Bill Clinton Compromised America’s National Security“, publicado alguns anos atrás.
Patterson era um dos homens que carregava a chamada “nuclear football“, a maleta que contem os códigos de lançamento e as instruções para retaliação nuclear. Também conhecida abreviadamente como “football“, a valise é carregada por um assistente militar com alto nível de acesso de segurança e que acompanha o presidente em todos os momentos.
Patterson disse que, na manhã seguinte ao escândalo de Monica Lewinsky vir a público, ele pediu ao presidente que apresentasse o cartão para que ele pudesse trocá-lo por uma versão atualizada, o que é um procedimento padrão.
“Ele pensou que tinha simplesmente os deixado no andar de cima”, escreveu Patterson. “Contatamos o andar superior, vasculhamos em torno da Casa Branca pelos códigos e finalmente ele confessou que os tinha perdido. Ele não conseguia recordar onde os viu pela última vez.”
No livro de Patterson, Clinton perdeu o biscoito em 1998, mas isso difere do relato de Shelton, que situa o evento em 2000.
A valise nuclear football remonta ao tempo do presidente Dwight D. Eisenhower e teve sua parcela de contratempos.
O presidente George H.W. Bush teria decolado após uma partida de tênis sem o seu assistente militar carregando a valise. O assistente, com a assistência do Serviço Secreto, alcançou o presidente cerca de 15 minutos depois.
Bill Clinton cometeu um erro semelhante em 1999, quando deixou uma reunião da OTAN deixando a valise para trás. Felizmente, a reunião foi realizada no edifício Reagan, então Clinton apenas prosseguiu rapidamente em direção à Casa Branca enquanto seu assessor caminhou a meia milha de distância entre os dois edifícios para encontrar-se com a liderança reunida, informou a BBC.
Clinton também não foi o único presidente que supostamente se separou do biscoito.
O presidente Jimmy Carter alegadamente o enviou com seu casaco para a tinturaria, embora essa história nunca tenha sido confirmada. E Ronald Reagan foi separado do biscoito quando foi baleado durante um atentado a sua vida. Reagan carregava os códigos num pequeno bolso em seu casaco e o pessoal da sala de emergência teve de cortar suas roupas. O cartão supostamente foi encontrado em seu sapato no chão da sala de emergência.