O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homologo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, conversaram por telefone na terça-feira (30) sobre a crise na Venezuela após as eleições de domingo e concordaram que o órgão eleitoral venezuelano deve divulgar as atas de votação o mais rápido possível.
“Os dois líderes concordaram com a necessidade de as autoridades eleitorais venezuelanas divulgarem imediatamente dados completos, transparentes e detalhados sobre a votação nas seções eleitorais”, disse a Casa Branca em um comunicado.
Os líderes também compartilharam a perspectiva de que as eleições venezuelanas “representam um momento crítico para a democracia” no continente e “se comprometeram a continuar a coordenar estreitamente essa questão”.
De acordo com o governo brasileiro, Lula reiterou durante a conversa de meia hora a posição de seu país de “continuar trabalhando pela normalização do processo político” na Venezuela e disse que era “fundamental” publicar os resultados.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgou seu único boletim nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, com apenas 80% dos votos apurados e com diversos erros, como uma porcentagem de votos que ultrapassava os 100% de votos no país. Segundo esta apuração desqualificada, Maduro venceu com 51,2% dos votos, em comparação com 44,2% para o oposicionista Edmundo González Urrutia.
A oposição, por sua vez, alega ter vencido com mais de 70% dos votos expressos e que o resultado parcial é favorável a González Urrutia.
Vários países pediram a publicação dos resultados para verificá-los, e vários protestos eclodiram no país, onde 750 pessoas foram presas, de acordo com a Procuradoria Geral da República, e pelo menos 11 pessoas teriam morrido, segundo organizações não governamentais.
Além da crise venezuelana, o presidente brasileiro parabenizou Biden por sua decisão “magnânima” de se retirar da corrida eleitoral de novembro em favor da vice-presidente Kamala Harris, e desejou “sucesso para a democracia” nos EUA nessas eleições.
Após o debate eleitoral entre Biden e Donald Trump, no final de junho, Lula já havia manifestado preocupação com a “vulnerabilidade” do candidato democrata, mas afirmou que a decisão de se retirar era exclusivamente sua.
Ele também convidou o presidente americano a participar de uma reunião de “países democráticos contra o extremismo” a ser realizada em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.
Biden, por sua vez, confirmou durante a conversa telefônica que participará da cúpula do G20, a ser realizada no Rio de Janeiro em novembro, e disse que as relações bilaterais entre os dois países devem “continuar a crescer”.