Por Melanie Sun
O presidente dos EUA, Joe Biden, concordou em se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, se a Rússia não invadir a Ucrânia, declarou a Casa Branca no dia 20 de fevereiro.
O secretário de Estado Antony Blinken e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, se reunirão primeiro no dia 24 de fevereiro. Biden “aceitou em princípio” uma reunião com Putin após esse compromisso “se uma invasão não acontecer”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, em um comunicado.
“Estamos sempre prontos para a diplomacia. Também estamos prontos para impor consequências rápidas e severas caso a Rússia opte pela guerra. E atualmente, a Rússia parece estar continuando os preparativos para um ataque em grande escala à Ucrânia muito em breve”, declarou ela.
“É claro que o presidente Biden disse que sim, mas todas as indicações que vemos no terreno agora, em termos da disposição das forças russas, são de que elas estão de fato se preparando para um grande ataque à Ucrânia”, afirmou Jake Sullivan, conselheiro da segurança nacional de Biden, na segunda-feira à NBC.
Autoridades dos EUA declararam repetidamente que a Rússia planeja invadir a Ucrânia, mas até agora isso não aconteceu.
“Não há invasão e não há tais planos”, afirmou Anatoly Antonov, embaixador russo nos Estados Unidos, no programa “Face the Nation”, da CBS.
As tropas russas perto da fronteira com a Ucrânia “estão em território russo soberano”, acrescentou. “Não ameaçamos ninguém.”
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou a repórteres que era “prematuro falar sobre quaisquer planos específicos para organizar qualquer tipo de cúpula”.
Oleksiy Danilov, secretário de segurança nacional da Ucrânia, elogiou o aparente progresso de um “impasse” entre Putin e Biden, mas acrescentou que “ninguém pode resolver nossos problemas sem nós.
“Isso será feito apenas com a nossa participação”, afirmou ele a repórteres em Kiev.
Exemplos de tópicos sendo negociados entre os países em reuniões informais e formais incluem alterar “o escopo e a escala de alguns de nossos exercícios na Europa”, relatou o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, John Kirby, no “Fox News Sunday”. A questão da Ucrânia buscar adesão à OTAN não está na mesa porque “isso é um problema para a Ucrânia e a OTAN”, acrescentou.
Enquanto isso, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez uma enxurrada de telefonemas separados para líderes ocidentais, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, para tentar chegar a um acordo de cessar-fogo no leste da Ucrânia.
‘Violações do cessar-fogo’
Relatos de violência – que a Ucrânia atribuiu a atores pró-russos – aumentaram nas regiões de Luhansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, nesta semana, onde separatistas pró-Rússia há anos desafiam o governo ucraniano pelo controle do território.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, houve 66 violações do cessar-fogo por “formações russas armadas”, muitas envolvendo armas proibidas pelo acordo de Minsk, ao longo da fronteira de 240 quilômetros de Donbass no sábado. Os militares ucranianos também afirmaram que “disparos provocativos” mataram dois soldados ucranianos e feriram quatro.
A mídia russa culpou as forças ucranianas pelo bombardeio. Zelensky chamou as acusações de provocações e “puras mentiras”.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu uma resposta imediata às violações do cessar-fogo da comunidade internacional, dizendo: “A ausência de reação adequada ou uma postura neutra servirá apenas para uma maior escalada”.
A inteligência dos EUA têm alertado que a Rússia está usando “bandeira falsa” como justificativa para uma ação militar para invadir territórios ucranianos.
Um dia antes, Denis Pushilin, líder do autoproclamado governo separatista em Donetsk, havia ordenado a evacuação de civis em territórios rebeldes do leste da Ucrânia para a Rússia e uma mobilização militar geral. Ele justificou as evacuações para os moradores alegando que os cidadãos russos nas áreas controladas pelos rebeldes estavam em perigo, pintando o governo ucraniano como o agressor depois de alegar em um vídeo que a Ucrânia ordenaria uma ofensiva iminente na área.
A Ucrânia imediatamente recuou nas alegações, declarando que não havia ordens para usar a força nesses territórios. “Esta é uma tentativa de provocar nossas forças armadas”, afirmou Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia.
Na manhã de sábado, separatistas disseram que milhares de residentes em Luhansk e Donetsk foram evacuados para a Rússia. Segundo relatos, Putin ofereceu a cada evacuado 10.000 rublos (cerca de US $130), o equivalente a metade do salário médio de um mês no leste da Ucrânia.
Antonov também afirmou na sexta-feira que atrocidades estão sendo cometidas contra pessoas de língua russa no leste da Ucrânia e que “valas comuns” com 300 pessoas foram encontradas no Donbass. As potências ocidentais, afirmou, estão ignorando um suposto genocídio.
A mídia estatal russa também relatou várias grandes explosões em Lugansk e Donetsk na sexta-feira, uma envolvendo o oleoduto de Lugansk. O meio de comunicação estatal, Sputnik News, atribuiu o incidente aos militares ucranianos.
O presidente da Estônia, Alar Karis, escreveu no Twitter sobre a situação: “Estamos vendo uma escalada planejada e premeditada da Rússia. Não importa o resultado, a mensagem não poderia ser mais clara: infelizmente nada do que foi proferido pelo Estado russo pode ser confiável”.
Exercícios nucleares
A Rússia também realizou exercícios nucleares no sábado, envolvendo lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais e mísseis de cruzeiro, os quais Putin convidou o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, para observar.
A postura nuclear seguiu exercícios militares conjuntos entre a Rússia e a Bielorrússia envolvendo a colocação de 30.000 soldados russos perto da fronteira norte da Ucrânia.
Aliada da Rússia, a Bielorrússia disse ao lado da Rússia no domingo que as duas nações estenderiam os exercícios conjuntos, provocando mais preocupações sobre o acúmulo contínuo de tropas russas ao longo das fronteiras da Ucrânia.
“Agora, eles estão justificando os contínuos exercícios – ‘exercícios’ entre aspas – que eles disseram que terminariam agora, continuando indefinidamente esses ‘exercícios’ na situação do leste da Ucrânia, uma situação que eles criaram e continuam aumentando as tensões”, afirmou Blinken à CNN, em entrevista no domingo.
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