Benkos Biohó: o congressista colombiano que comandou um massacre

Hoje os colombianos têm no Congresso líderes das FARC que não responderam pelos crimes cometidos, tomando parte das decisões mais importantes da Colômbia

29/07/2019 22:29 Atualizado: 29/07/2019 22:29

Por Andrés Fernandéz

A indignação pela representação das FARC no Congresso colombiano continua. O substituto do guerrilheiro fugitivo Iván Márquez é Israel Zúñiga, também conhecido como Benkos Biohó, ideólogo dessa guerrilha, acusado de ser um dos principais responsáveis pelo massacre no município de Bojayá.

Benkos Biohó ocupou o cargo do fugitivo Márquez no Congresso depois que o Conselho de Estado decretou sua morte política pelas constantes violações e ausências do líder das FARC.

Biohó foi condenado a 36 anos de prisão pelo massacre no município de Bojayá (2 de maio de 2002), departamento de Chocó, que matou 79 pessoas, feriu 100 e deslocou quase 6 mil civis.

Enquanto os cidadãos se escondiam com medo do fogo cruzado que durou dois dias entre as FARC e os paramilitares das Forças de Autodefesa de Campesinas de Córdoba e Urabá (Accu), os guerrilheiros jogaram uma bomba sobre a igreja da vila, onde cem pessoas se refugiaram, causando um dos ataques terroristas mais repudiados já ocorridos na história da Colômbia.

Benkos Biohó, o ideólogo das FARC

Estátua destruída da Virgem Maria jaz encostada a uma parede da igreja destruída em Bojayá, Colômbia, em 8 de maio de 2002. Em 2 de maio, durante uma batalha de quatro dias pelo controle de Bojayá, 300 cidadãos se protegeram do fogo cruzado entre as FARC e os paramilitares ficando dentro da igreja; os guerrilheiros jogaram uma bomba no prédio, causando a morte de 79 pessoas, deixando 100 feridos e forçando o deslocamento de quase 6 mil civis (LUIS ACOSTA / AFP / Getty Images)
Estátua destruída da Virgem Maria jaz encostada a uma parede da igreja destruída em Bojayá, Colômbia, em 8 de maio de 2002. Em 2 de maio, durante uma batalha de quatro dias pelo controle de Bojayá, 300 cidadãos se protegeram do fogo cruzado entre as FARC e os paramilitares ficando dentro da igreja; os guerrilheiros jogaram uma bomba no prédio, causando a morte de 79 pessoas, deixando 100 feridos e forçando o deslocamento de quase 6 mil civis (LUIS ACOSTA / AFP / Getty Images)

Embora Biohó quisesse passar despercebido e se descrevesse como um simples “combatente”, seu papel dentro das FARC não era apenas isso, já que ele fazia parte do Estado Maior da guerrilha, que era formado principalmente pelos guerrilheiros Timochenko, Iván Márquez, Joaquín Gómez, Mauricio Jaramillo, Pablo Catatumbo, Pastor Alape, Bertulfo Álvarez, Carlos Antonio Lozada e Ricardo Téllez.

Depois de ter se formado em um colégio comunista, em sua infância ele foi para as Farc e participou da Frente 19. No final dos anos 90, ele foi transferido para o departamento de Chocó, quando o paramilitarismo estava no auge.

De acordo com o Centro Nacional de Memória Histórica (CNMH), participaram do ataque membros das FARC das frentes 5, 34 e 57, do Bloco Móvel José María Córdoba, comandado por Biohó, agora deputado.

Apesar dos crimes cometidos por Biohó, incluindo vários contra a humanidade, hoje ele é senador colombiano pelo partido político das FARC devido à proteção concedida pelo acordo assinado entre essa guerrilha e o governo de Santos. Esse é um dos fatos criticados pelos detratores do acordo, pois afirmam que membros do Estado Maior da guerrilha com sentenças em vigor não deveriam ter assento no Congresso sem antes responder pelos seus crimes perante os tribunais.

A Jurisdição Especial pela Paz (JEP), entidade criada após o acordo Santos-FARC, considerada pelos opositores como um tribunal de impunidade, garantiu que a verdade será conhecida, haverá justiça e reparação. No entanto, até o momento nenhum dos líderes das FARC respondeu pelos crimes cometidos, como é o caso de Jesús Santrich, Márquez, El Paisa, entre outros, agora fugitivos da justiça.

A verdade é que enquanto o que é dito pelA JEP ocorre, hoje os colombianos têm no Congresso líderes das FARC que não responderam pelos crimes cometidos, tomando parte das decisões mais importantes da Colômbia.

Este artigo foi originalmente publicado no PanAm Post

O conteúdo desta matéria é de responsabilidade do autor e não representa necessariamente a opinião do Epoch Times