Austrália pede explicações à China por lançamento de míssil balístico no Pacífico

Esta é a primeira vez em 44 anos que a China torna público um teste deste tipo.

Por Agência de Notícias
25/09/2024 17:28 Atualizado: 25/09/2024 19:45

Sidney—O governo da Austrália afirmou na quarta-feira (25) que pediu explicações à China pelo lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) no Oceano Pacífico em um teste inesperado.

“A Austrália está preocupada com qualquer ação desestabilizadora e que aumente o risco de erros de cálculo na região, e está consultando os parceiros regionais sobre este lançamento”, afirmou o Departamento de Relações Exteriores australiano em comunicado enviado à Agência EFE.

“O lançamento acontece no contexto da rápida expansão militar da China, que está ocorrendo sem a transparência e as garantias que a região espera das grandes potências”, acrescentou o comunicado.

O projétil lançado hoje pelo Exército de Libertação Popular (ELP) da China transportava uma ogiva explosiva e caiu na área planejada, segundo informou o Ministério da Defesa chinês, que não utilizou terminologia nuclear em sua nota oficial.

Segundo o comunicado chinês, tratou-se de uma “ação rotineira no plano anual de treinamento e foi notificada antecipadamente aos países relevantes”.

Com o lançamento, o primeiro do gênero a ser tornado público em mais de quatro décadas e que ocorreu às 8h44 (horário local, 21h44 de terça-feira em Brasília), o ELP pretendia testar o desempenho das suas armas e a eficácia do seu treinamento militar, dois objetivos que foram alcançados, acrescentou o Ministério da Defesa.

O comunicado não especifica a rota que o míssil seguiu nem o local exato no Pacífico onde caiu.

Esta é a primeira vez em 44 anos que a China torna público um teste deste tipo. A ocasião anterior remonta a 1980, quando um DF-5 decolou do centro de lançamento de Jiuquan, no norte do país, para voar mais de 9.000 quilômetros sobre o Pacífico Sul.

A extrema falta de transparência do programa nuclear chinês provocou críticas dos Estados Unidos e outros países. Os EUA estimam que estimam que a China tenha mais de 500 ogivas nucleares operacionais e poderia duplicar este número até 2030.

Após o lançamento, o governo do Japão manifestou “séria preocupação” com o aumento das atividades militares da China.

O porta-voz do Executivo japonês, Yoshimasa Hayashi, disse que Tóquio “não foi informada antecipadamente sobre o lançamento por Pequim” e acrescentou que o projétil não sobrevoou o território japonês antes de cair no Pacífico.

“A China está reforçando ampla e rapidamente as suas capacidades nucleares, incluindo mísseis ICBM, além de aumentar continuamente os seus gastos com defesa e sem oferecer a transparência necessária a este respeito”, criticou o porta-voz em uma coletiva de imprensa.

O lançamento também ocorre em meio ao aumento das tensões com Taiwan devido à ascensão ao poder de seu novo presidente, William Lai (Lai Ching-te), considerado por Pequim um “agitador” com intenções separatistas.

Por Agência EFE