Austrália anuncia boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim

Primeiro-ministro destacou as violações aos direitos humanos cometidas pelo regime chinês em Xinjiang

08/12/2021 10:43 Atualizado: 08/12/2021 10:43

Por Caden Pearson

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou que a Austrália ingressará, junto aos Estados Unidos, em um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim.

“Não será nenhuma surpresa que o governo australiano não enviará nenhum representante oficial para os próximos Jogos de Inverno na China”, declarou Morrison a repórteres em Canberra, no dia 8 de dezembro.

“Há algum tempo, as pessoas estão bem cientes de que nós temos levantado uma série de questões que não foram bem recebidas na China, e tem ocorrido um desacordo entre nós sobre essas questões.”

Um homem passa pelos anéis olímpicos no exterior de uma das sedes para os próximos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim, no dia 2 de fevereiro de 2021 (Mark Schiefelbein / AP Photo)
Um homem passa pelos anéis olímpicos no exterior de uma das sedes para os próximos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim, no dia 2 de fevereiro de 2021 (Mark Schiefelbein / AP Photo)

Morrison destacou a oposição de Pequim à legislação de interferência estrangeira da Austrália e às regras para investimento estrangeiro que assumem uma “posição muito forte” na defesa dos interesses nacionais do país.

Ele também afirmou que o regime chinês tem sido “muito crítico” nos esforços da Austrália para fortalecer sua força de defesa nacional, inclusive por meio do pacto de segurança trilateral AUKUS, com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, o qual fará com que a Austrália adquira submarinos com propulsão nuclear.

O primeiro-ministro também apontou as violações aos direitos humanos cometidas pelo regime chinês na região chinesa de Xinjiang.

Morrison relatou que o regime chinês “tem negado sistematicamente” oportunidades de reunir-se com autoridades australianas para resolver problemas.

“Portanto, não é surpreendente que os funcionários do governo australiano não estejam indo à China para esses jogos”, afirmou ele.

O regime chinês tornou públicas suas questões com a Austrália em uma carta com 14 pontos de queixas e exigências a qual a embaixada chinesa em Canberra vazou para repórteres no ano passado.

O dossiê incluía reclamações sobre a Huawei ter sido banida da rede de infraestrutura 5G da Austrália, políticos falando publicamente contra o regime chinês e liberdade de imprensa, entre muitos outros.

O regime chinês exigiu que a Austrália resolvesse essas questões antes de retomar as relações diplomáticas normais, após as autoridades chinesas se recusarem a atender chamadas de políticos e funcionários australianos durante vários meses.

Morrison deixou claro que o boicote diplomático não estendeu-se aos atletas, que ainda poderiam disputar os jogos.

“A Austrália [é] uma grande nação esportiva, e eu separo as questões do esporte e essas outras questões políticas”, afirmou.

“São questões entre dois governos e gostaria de ver essas questões resolvidas, mas não estão resolvidas.”

“A Austrália não vai recuar da forte posição que temos defendido, os interesses da Austrália. Então, consistente com essa posição, obviamente, não é surpresa que não enviaremos oficiais australianos para esses jogos.”

Canberra já havia enviado uma mensagem a Pequim quando decidiu não enviar oficiais ou políticos baseados na Austrália para as Olimpíadas de Inverno em Pequim e ao recusar-se a assinar a Trégua Olímpica.

O senador liberal, Eric Abetz, membro da Aliança Interparlamentar para a China, declarou que a medida do governo foi a “certa”.

“[Isso] envia uma forte mensagem de protesto contra as numerosas e flagrantes violações aos direitos humanos cometidas pela ditadura do Partido Comunista Chinês”, afirmou ele ao Epoch Times.

“Os Jogos serão uma vitrine cuidadosamente orquestrada de propaganda política e não podemos permitir que a representação oficial do governo australiano aumente.”

A embaixada chinesa emitiu um comunicado afirmando que a Austrália era a culpada pelas relações bilaterais precárias e, como fez em sua carta de 14 pontos, mais uma vez pediu ao governo que “tome medidas” para melhorá-las.

Enquanto isso, a Premiê de Queensland, Annastacia Palaszczuk, cuja capital, Brisbane, sediará as Olimpíadas de 2032, emitiu um breve comunicado confirmando que ela não compareceria em fevereiro.

“A presença de representantes do governo nas Olimpíadas de Inverno em Pequim é um assunto do governo federal”, declarou ela em um comunicado, no dia 8 de dezembro.

“A decisão do governo federal inclui Queensland. Desejamos muito sucesso aos nossos atletas.”

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