Por Annie Wu, Epoch Times
Um deputado de Massachusetts juntou-se às vozes dissidentes contra a presença de Institutos Confúcio em campi universitários norte-americanos.
Administrados e financiados diretamente pelo regime chinês, os Institutos Confúcio têm sido criticados por possuírem professores interessados em promover os objetivos políticos do regime, sob o pretexto de ensinar a língua e a cultura chinesas.
Seth Moulton, membro da Câmara dos Deputados norte-americana, mandou cartas para a Universidade de Tufts e Universidade de Massachusetts, em Boston, para pedir que cortem relações com os Institutos Confúcio, informou o jornal Boston Globe em 9 de março. Ambas as universidades abrigam institutos no campus.
Em sua carta, Moulton pediu a indicação de alternativas para aprender a língua e a cultura chinesas, que não venham de “um esforço antidemocrático do governo para restringir a liberdade de expressão e o diálogo aberto nos campi universitários norte-americanos.”
“O regime chinês tem sido claro em seu objetivo e propósito de criar e expandir os Institutos Confúcio em todo o país, ou seja, distorcendo o discurso acadêmico sobre a China, ameaçando e silenciando os defensores dos direitos humanos e criando um clima de intolerância contra a dissidência ou discussão aberta”, escreveu Moulton.
Ele também enviou uma carta a outras 38 escolas na região de Boston que não têm Institutos Confúcio, exortando-os para que nunca abram esses centros.
Em uma série de audiências com o Congresso em fevereiro, autoridades norte-americanas como o diretor do FBI Christopher Wray, advertiram sobre a infiltração do regime chinês nas universidades norte-americanas, e afirmaram que sua agência estava investigando o Instituto Confúcio em todo o país.
Naquele mês, o senador norte-americano Marco Rubio também enviou cartas para quatro universidades da Flórida, exortando-as a fechar Institutos Confúcio em seus campi.
De acordo com um relatório de 2017 publicado pela Associação Nacional de Acadêmicos (NAS), existem atualmente 103 Institutos Confúcio chineses operando nos Estados Unidos.
Em uma entrevista para a emissora New Tang Dynasty Television, uma rede de TV chinesa radicada nos Estados Unidos, a diretora de projetos de pesquisa da NAS, Rachelle Peterson, alertou sobre os custos para a liberdade acadêmica se as universidades continuarem se associando aos Institutos Confúcio.
“Existe uma ameaça real de que os norte-americanos as aumentem, criando assim uma geração de estudantes que só conhecem a versão oficial de sua própria história feita pelo regime chinês. Nós teremos uma geração de norte-americanos que não saberão o que aconteceu na Praça Tiananmen, que não saberão o que está acontecendo em Taiwan e no Tibet, que não saberão o que está acontecendo àqueles que praticam o Falun Gong”, referindo-se ao grupo espiritual mais discriminado e perseguido pelo regime chinês desde 1999. Os alunos podem receber créditos universitários por assistir às aulas no Instituto Confúcio, disse Peterson.
Ela também falou do silenciamento de professores e estudiosos norte-americanos que estudam e ensinam sobre a China. “Eles estão enfrentando pressões para não investigar questões sensíveis, para não falar sobre as políticas da China, por medo de não conseguirem permissão para retornar à pesquisa, por medo de que a universidade tome medidas contra eles se colocarem em perigo o Instituto Confúcio de determinada universidade. Portanto, esta é uma séria ameaça à integridade da educação superior norte-americana”, disse ela.
Peterson também pediu às autoridades norte-americanas que investiguem se os Institutos Confúcio adotam práticas discriminatórias de contratação. O jornal Epoch Times informou anteriormente que o site oficial dos Institutos Confúcio certa vez apresentou uma proibição explícita contra a contratação de praticantes do Falun Gong e exigiu que os professores se registrassem como agentes estrangeiros perante as autoridades federais.
Os Institutos Confúcio são financiados em grande parte pelo escritório de Hanban, uma agência do Ministério da Educação da China. O relatório da NAS descobriu que Hanban geralmente concede às universidades em torno de 150 mil dólares como subsídio inicial, seguidos de 100 mil dólares para os anos seguintes.
Citando as revelações do Departamento de Educação dos Estados Unidos, a Crônica do Ensino Superior informou que, entre 2010 e 2016, Hanban deu a 15 universidades dos Estados Unidos mais de 17 milhões de dólares em presentes e contratos. Devido ao fato de que as universidades só são obrigadas a relatar contratos de mais de 250 milhões ou mais, o total real é provavelmente muito maior.