Atletas da Coreia do Norte podem ser punidos e presos por não conseguirem medalhas

Campos de prisioneiros da Coreia do Norte são conhecidos pela fome, trabalhos forçados, tortura e execuções

22/02/2018 19:02 Atualizado: 22/02/2018 19:21

Por Petr Svab, Epoch Times

Devido a que os atletas norte-coreanos até agora não ganharam uma única medalha nos Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, na Coreia do Sul, eles poderão enfrentar sombrias perspectivas de punição e até de prisão ao retornar ao Estado totalitário, de acordo com exemplos históricos sob a ditadura da família Kim.

Os regimes fascistas e comunistas sempre consideraram as competições esportivas internacionais como eventos políticos nos quais apresentam os sucessos de seus atletas como realizações de seus próprios regimes. Da mesma forma, os resultados desportivos sem brilho são vistos como uma vergonha para o regime, ou até mesmo como uma traição.

Em 1966, quando a equipe de futebol norte-coreana chegou às quartas de final da Copa do Mundo depois de uma vitória inesperada de 1 a 0 sobre a Itália, a equipe foi recebida como heróis em seu retorno. Mas mesmo assim, eles não ganharam o campeonato. Por isso, várias investigações foram abertas e muitos jogadores foram realocados à força, reencaminhados ou presos, informou a National Public Radio (NPR).

Equipe da Coreia do Norte pouco antes da partida da Copa do Mundo contra a Itália no Ayresome Park Stadium em Middlesbrough, Reino Unido, em 19 de julho de 1966. A Coreia ganhou o jogo por 1 a 0 (Central Press/Getty Images)
Equipe da Coreia do Norte pouco antes da partida da Copa do Mundo contra a Itália no Ayresome Park Stadium em Middlesbrough, Reino Unido, em 19 de julho de 1966. A Coreia ganhou o jogo por 1 a 0 (Central Press/Getty Images)

Chol-hwan Kang, que passou dez anos em um campo de prisioneiros na Coreia do Norte antes de fugir para a Coreia do Sul, enquanto estava na prisão conheceu um desses jogadores de futebol, Pak Seung Zin, de acordo com suas memórias “Os Aquários de Pyongyang”.

Os campos de prisioneiros da Coreia do Norte são conhecidos pela fome, trabalhos forçados, tortura e execuções.

Em 2010, a equipe norte-coreana novamente se classificou para a Copa do Mundo. Os jogadores foram repreendidos porque perderem seus três jogos, informou a Radio Free Asia (RFA), citando “fontes bem informadas”. O treinador da equipe pode até ter sido condenado a trabalhos forçados.

Equipe norte-coreana após a derrota e eliminação do torneio durante a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, Grupo G, partida entre Coreia do Norte e Costa do Marfim, no Estádio Mbombela em Nelspruit, África do Sul, em 25 de junho de 2010 (Michael Steele/Getty Images)
Equipe norte-coreana após a derrota e eliminação do torneio durante a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, Grupo G, partida entre Coreia do Norte e Costa do Marfim, no Estádio Mbombela em Nelspruit, África do Sul, em 25 de junho de 2010 (Michael Steele/Getty Images)

Os jogadores “que participaram da Copa do Mundo foram submetidos a críticas ideológicas severas, com exceção dos jogadores [coreano-japoneses) Jung Tae Se e An Yong Hak”, disse um empresário chinês à Radio Free Asia, citando altos funcionários do regime da Coreia do Norte. O empresário não soube dizer que tipo de repreensão ou punição os jogadores receberam.

Outra fonte na cidade norte-coreana de Shinuiju disse que o treinador Kim Jung Hun esteve em perigo depois de ser acusado publicamente de “trair o jovem general Kim Jong Un”, atual líder do regime.

“Há rumores de que o treinador Kim Jung Hun foi expulso do Partido dos Trabalhadores, ou então que ele pode ter sido submetido a trabalhos forçados no local da construção de edifícios residenciais em Pyongyang, mas esses rumores são difíceis de verificar”, disse a fonte.

Anos depois, em 2016, a delegação norte-coreana não esteve à altura das expectativas do líder do regime durante os Jogos Olímpicos de Verão no Rio de Janeiro, levando para casa duas medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze.

“Aqueles que ganharam medalhas serão recompensados com melhores subsídios de habitação, melhores rações de comida, um automóvel e talvez outros presentes do regime, mas Kim está zangado e decepcionado com esses resultados”, disse Toshimitsu Shigemura, professor da Universidade de Waseda, em Tóquio, e uma autoridade no tema da liderança da Coreia do Norte, de acordo com o jornal The Telegraph.

Kuk Hyang Kim (esq.), da Coreia do Norte, demonstra preocupação depois de ganhar uma medalha de prata no levantamento de peso — Grupo Feminino A + 75 kg — nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Brasil, em 14 de agosto de 2016 (Laurence Griffiths/Getty Images)
Kuk Hyang Kim (esq.), da Coreia do Norte, demonstra preocupação depois de ganhar uma medalha de prata no levantamento de peso — Grupo Feminino A + 75 kg — nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Brasil, em 14 de agosto de 2016 (Laurence Griffiths/Getty Images)

“Aqueles que o ditador sente que o desapontaram provavelmente serão punidos, serão removidos para residências de baixa qualidade, terão direito a menos comida e, na pior das hipóteses, serão enviados para as minas de carvão como castigo”.