Ataque do Boko Haram matou 60 pessoas na Nigéria na segunda-feira, segundo AI

O nordeste da Nigéria está há anos imerso em um estado de violência provocado pelas ações do Boko Haram, que desde 2009 luta para impor um Estado islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristão no sul

01/02/2019 21:20 Atualizado: 01/02/2019 21:20

Por Agência EFE

Pelo menos 60 pessoas morreram em um ataque cometido nesta segunda-feira (28) pelo grupo jihadista Boko Haram na cidade de Rann, no estado de Borno, no atentado mais sangrento até o momento nesta região, segundo informou nesta sexta-feira a Anistia Internacional (AI).

“Segundo pudemos confirmar, pelo menos 60 pessoas morreram após o devastador ataque do Boko Haram sobre Rann”, afirmou a organização humanitária na sua conta do Twitter dedicada a esta nação da África Ocidental.

Através de imagens de satélite, a AI também confirmou a queima e a destruição de várias infraestruturas da cidade, a maior parte delas, segundo denunciou, construídas em 2017 e que faziam as funções de refúgio para os deslocados internos da região.

Na manhã da segunda-feira passada, combatentes do Boko Haram chegaram a Rann montados em motocicletas, incendiando casas e matando aqueles que cruzaram seu caminho, assim como os que tentaram fugir.

A situação de violência na cidade levou cerca de 30 mil pessoas a fugir no final de semana passado ao vizinho Camarões, devido aos ataques e ameaças constantes do grupo jihadista.

Os refugiados fazem parte das dezenas de milhares de pessoas que fugiram nos últimos meses da Nigéria a Camarões e Chade, em um momento de aumento da violência do Boko Haram na região, segundo denunciou na terça-feira passada a Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).

A AI condenou as ações do Boko Haram “por atacar os civis de maneira sistemática e deliberada em Rann, matar pessoas e queimar infraestruturas”, e solicitou aos governos de Nigéria e Camarões que proporcionem provisões e segurança a estes refugiados.

O ataque desta segunda-feira acontece depois que, no último dia 14 de janeiro, o mesmo grupo lançou outra ofensiva contra Rann, que levou à queima de dezenas de infraestruturas e ao deslocamento de cerca de 9.000 pessoas.

Em 1º de março de 2018, o Boko Haram matou quatro trabalhadores humanitários nesta mesma cidade.

“Este ataque contra civis que já tinham se deslocado por causa deste sangrento conflito pode ser considerado um crime de guerra e seus responsáveis devem ser levados à Justiça”, concluiu a AI.

O nordeste da Nigéria está há anos imerso em um estado de violência provocado pelas ações do Boko Haram, que desde 2009 luta para impor um Estado islâmico na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristão no sul.

Desde então, mais de 20 mil pessoas morreram e o número de deslocados quase alcança os dois milhões, segundo as Nações Unidas.

Uma força conjunta multinacional integrada por Nigéria, Níger, Camarões e Chade debilitou consideravelmente a insurgência do Boko Haram, mas os jihadistas ainda lançam ataques indiscriminados contra áreas sensíveis como escolas, mesquitas e mercados.