Huma Abedin, a assessora da então secretária de Estado estadunidense Hillary Clinton, enviou e-mails sensíveis do Departamento de Estado, incluindo senhas de acesso a sistemas governamentais, para sua conta pessoal de e-mail do Yahoo antes que todas as contas do Yahoo fossem hackeadas, segundo uma análise da The Daily Caller News Foundation sobre os e-mails divulgados como parte de uma ação judicial iniciada pelo Judicial Watch.
Abedin, a principal assessora da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, usou seu provedor de e-mail pessoal sem segurança para realizar trabalhos sensíveis. Isso garante que uma conta com correspondência de alto nível no Departamento de Estado de Clinton tenha sido impactada por uma ou mais de uma série de violações, pelo menos uma das quais foi perpetrada por um “agente com patrocínio estatal”.
Os EUA mais tarde acusaram o agente de inteligência russo Igor Sushchin de hackear 500 milhões de contas de e-mail do Yahoo. A violação inicial ocorreu em 2014 e permitiu que seus associados acessassem as contas em 2015 e 2016 usando cookies forjados. Sushchin também trabalhou para o banco de investimento russo Renaissance Capital, que pagou o ex-presidente Bill Clinton US$ 500 mil por um discurso de junho de 2010 em Moscou.
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Uma violação separada em 2013 comprometeu três bilhões de contas em várias propriedades do Yahoo, e o culpado ainda não está claro. “Todas as contas de usuários do Yahoo foram afetadas pelo roubo de agosto de 2013”, disse a empresa num comunicado.
Abedin, a vice-chefe de gabinete sob Clinton, enviou regularmente e-mails de trabalho para seu endereço pessoal humamabedin@yahoo.com. “Ela usaria essas contas se sua conta (do Estado) estivesse inoperante ou se ela precisasse imprimir um e-mail ou documento. Abedin explicou ainda que era difícil imprimir do sistema do Departamento de Estado [DoS], então ela rotineiramente enviava e-mails para suas contas não-DoS para que pudesse imprimir com facilidade”, diz um relatório do FBI.
Abedin enviou senhas de seu laptop do governo para sua conta do Yahoo em 24 de agosto de 2009, mostrou um e-mail divulgado pelo Departamento de Estado em setembro de 2017.
Sid Blumenthal, um confidente de longa data de Hillary Clinton, enviou um e-mail a Clinton em julho de 2009 com a linha de assunto: “Importante. Não é para circulação. Apenas para você. Sid.” A mensagem começava “CONFIDENCIAL… Re: Cimeira de Moscou.” Abedin enviou o e-mail para seu endereço do Yahoo, tornando-o potencialmente visível para hackers.
O e-mail foi considerado demasiado sensível para ser divulgado ao público e foi revisto e riscado antes de ser publicado de acordo com o processo do Judicial Watch. A cópia liberada diz “Classificado por DAS/A/GIS, DoS em 30/10/2015 Classe: Confidencial”. A parte não riscada diz: “Eu ouvi com autoridade de Bill Drozdiak, que está em Berlim… Devemos esperar que os alemães e os russos agora façam seus próprios acordos separados sobre energia, segurança regional, etc.”
As três contas de e-mail que Abedin usou foram abedinh@state.gov, huma@clintonemail.com e humamabedin@yahoo.com. Embora os e-mails divulgados pelo Departamento de Estado redirecionem parcialmente os endereços de e-mail pessoais, os e-mails do Yahoo são exibidos como humamabedin[riscado].
Clinton encaminhou a Abedin em março de 2009 um e-mail intitulado “Embaixadores” de Denis McDonough, que serviu como assessor de política externa para a campanha do ex-presidente Barack Obama e depois como chefe de gabinete da Casa Branca. O e-mail foi bastante riscado antes de ser divulgado ao público.
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Stuart Delery, chefe de gabinete do vice-procurador-geral, enviou um rascunho de memorando intitulado “PA/PLO Memo” em maio de 2009, referindo-se aparentemente a dois grupos palestinos. O conteúdo foi retido do público com letras grandes dizendo “Página negada”. Abedin encaminhou-o para sua conta do Yahoo.
Abedin encaminhou informações sensíveis por meio do Yahoo várias vezes, como notas de uma conversa com o secretário-geral da ONU, de acordo com as mensagens divulgadas no âmbito do processo.
Reportagens da mídia na mesma época documentaram as fraquezas de segurança do Yahoo enquanto Abedin continuava a usar o serviço. Credenciais de 450 mil contas do Yahoo foram postadas online, informou um artigo da CNN de julho de 2012. Cinco dias depois, Abedin enviou informações confidenciais para seu e-mail pessoal do Yahoo.
Abedin recebeu um e-mail “com o assunto ‘Re: Sua canta do Yahoo’. Abedin não se lembrou do e-mail e que, apesar do conteúdo do e-mail, não tinha certeza de que sua conta de e-mail já tivesse sido comprometida”, informou um relatório do FBI em 16 de agosto de 2010.
O FBI também a questionou sobre o envio de outras informações confidenciais para o Yahoo. “Abedin recebeu um e-mail datado de 4 de outubro de 2009 com o assunto ‘Fwd: Interesse dos EUA no Documento Pak 10-04’, que Abedin recebeu de [riscado] e depois encaminhou para sua conta de e-mail do Yahoo… Na época do e-mail, [riscado] trabalhou para Richard Holbrooke, que era o representante-especial para o Afeganistão e o Paquistão. Abedin não sabia da classificação do documento e afirmou que não fez julgamentos sobre a classificação dos materiais que recebeu”, afirmou o relatório.
Os Estados Unidos acusaram Sushchin de ter hackeado 500 milhões de contas do Yahoo em março de 2017, numa das maiores violações eletrônicas da história, informou a Associated Press. Sushchin era um agente de inteligência do Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia, o sucessor da KGB, e também trabalhava como diretor de segurança da Renaissance Capital, informou a mídia russa.
“É desconhecido para o grande jurado se [a Renaissance] sabia de sua filiação a FSB”, diz a acusação.
A Renaissance Capital pagou a Bill Clinton US$ 500 mil por um discurso em 2010 que contou com a presença de autoridades russas e líderes corporativos. O discurso recebeu uma nota de agradecimento do presidente russo Vladimir Putin. A Renaissance Capital é de propriedade do oligarca russo Mikhail Prokhorov, que também era dono da equipe de basquete Brooklyn Nets. Ele concorreu sem sucesso contra Putin para a presidência da Rússia em 2012.
A acusação contra Sushchin diz que “os conspiradores buscaram acesso às contas de e-mail do Yahoo, Inc. de jornalistas russos e de funcionários dos governos russos e americanos”, e de outros. Informações sobre as contas, como nomes de usuário, senhas e perguntas/respostas de segurança foram roubadas envolvendo 500 milhões de contas, diz a acusação. A acusação não menciona a conta de Abedin.
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Um hacker chamado “Peace” afirmou estar vendendo dados de 200 milhões de usuários do Yahoo.
Os dados de usuários também incluíam os endereços alternativos de e-mail das pessoas, que eram frequentemente contas de trabalho vinculando um usuário do Yahoo a uma organização de interesse. Os hackers foram capazes de gerar soluções que lhes permitiram ler os e-mails “por meio da cunhagem externa de cookies” para algumas contas.
O New York Times informou que na violação de 2013, que afetou todas as contas do Yahoo, “Os ladrões digitais obtiveram nomes, datas de nascimento, números de telefone e senhas dos usuários que foram criptografados com segurança que era fácil de quebrar. Os intrusos também obtiveram as perguntas de segurança e o e-mail de backup usado para redefinir as senhas perdidas, informações valiosas para alguém que tenta invadir outras contas pertencentes ao mesmo usuário e particularmente útil para um hacker que procura invadir computadores do governo em todo o mundo.”
O Yahoo publicou uma notificação em 22 de setembro de 2016, dizendo: “O Yahoo confirmou que uma cópia de certas informações das contas de usuários foi roubada da rede da empresa no final de 2014 pelo que se acredita ser um agente com patrocínio estatal.”
Clinton minimizou os riscos de seu uso de e-mail dias depois, dizendo que era simplesmente uma questão de conveniência.
“Depois de uma investigação de um ano, não há provas de que alguém tenha violado o servidor que eu estava usando e não há provas que alguém possa apontar, qualquer um que diga o contrário não tem embasamento, que qualquer material classificado acabou em mãos erradas. Eu levo materiais classificados muito a sério e sempre fiz isso”, disse Clinton em 9 de outubro de 2016 no segundo debate presidencial.
O uso do e-mail do Yahoo por Abedin é consistente com a avaliação do FBI de que os e-mails de associados de Clinton foram de fato comprometidos. “Nós avaliamos que agentes hostis obtiveram acesso às contas de e-mail privadas de indivíduos com quem a secretária Clinton estava em contato regular por meio de sua conta privada”, disse o diretor do FBI, Jim Comey, em 2016.
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