Assange apresentará seu último recurso no Reino Unido contra extradição para os EUA

Por Agência de Notícias
19/12/2023 14:49 Atualizado: 19/12/2023 14:49

O julgamento para analisar o último recurso do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, no Reino Unido contra sua extradição para os Estados Unidos foi marcado para os dias 20 e 21 de fevereiro, anunciou nesta terça-feira sua esposa, a advogada Stella Moris-Assange, na rede social X (ex-Twitter).

O WikiLeaks informou em comunicado que esse processo “pode ser a última chance” para o australiano impedir sua entrega aos EUA, que o exige por 17 crimes de espionagem e invasão de computadores, puníveis com até 175 anos de prisão, por causa das revelações de seu portal.

Na audiência de dois dias, dois juízes da High Court em Londres revisarão a decisão de 6 de junho de um único juiz, Jonathan Swift, de recusar permissão a Assange para qualquer outro recurso, o que foi contestado por sua equipe jurídica.

Nesse último estágio de sua batalha legal, Assange enfrenta dois possíveis resultados: que os dois juízes permitam que recorra das partes de seu caso que sua defesa não abordou até agora, ou que concordem com Swift, impedindo-o de recorrer mais, o que acionaria o mecanismo de deportação aos EUA.

O jornalista também poderia recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos, segundo lembra o comunicado.

Na decisão de junho, Swift aceitou a autorização de extradição assinada em 17 de junho de 2022 pela então ministra do Interior, Priti Patel.

E, em decisão paralela, o juiz se recusou a permitir que o jornalista de 52 anos recorresse de partes de uma decisão de janeiro de 2021 que, entre outras coisas, não permitia sua extradição com base no fato de que ele corria risco de suicídio.

Embora a decisão da juíza Vanessa Baraitser tenha sido favorável – ainda que posteriormente apelada com sucesso por Washington – a equipe jurídica de Assange reservou-se o direito de contestar posteriormente alguns dos argumentos que ela havia rejeitado.

Assange está confinado na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres, desde que foi detido a pedido dos EUA após sua expulsão, em 11 de abril de 2019, da embaixada do Equador em Londres, que retirou seu asilo.

O especialista em computação havia se refugiado em 2012 na delegação diplomática, após sua detenção inicial na capital britânica em 2010, a pedido da Suécia, para um caso que agora foi arquivado.

Stella, com quem Assange se casou na prisão depois de ter tido dois filhos com ela enquanto estava na embaixada, disse hoje que “os últimos quatro anos e meio cobraram um preço considerável de Julian e da família”.

“Sua saúde mental e condição física se deterioraram significativamente”, afirmou a advogada.

“Um julgamento justo, e menos ainda a segurança de Julian em solo americano, são impossíveis se ele for extraditado. A perseguição a esse jornalista e editor inocente precisa acabar”, declarou.