As três visões que disputam o futuro da OEA

13/02/2020 19:43 Atualizado: 13/02/2020 19:43

Por Laura Barros e Beatriz Pascual – EFE

Washington, 13 fev – Os três políticos latino-americanos que concorrem à Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) tentaram na quarta-feira persuadir os países das Américas a votar neles nas eleições de 20 de março, cujo resultado terá impacto no futuro do continente.

Para serem eleitos, os candidatos precisam do voto favorável de 18 dos 34 Estados-membros. O atual secretário-geral, Luis Almagro, leva vantagem por ser apoiado pelos Estados Unidos, que têm peso econômico e geopolítico desproporcional dentro da organização.

Em um salão decorado com bandeiras da OEA, os três candidatos apresentaram os respectivos programas eleitorais a diplomatas de todo o continente.

LUIS ALMAGRO

Eleito em 2015, Almagro prometeu continuidade e firmeza diante dos governos de Venezuela, Nicarágua e Cuba.

“Os casos de Cuba, Venezuela e Nicarágua são de alteração constitucional e governos ilegítimos”, destacou Almagro, que foi criticado pelos outros candidatos pela “falta” de diálogo.

“Não é que não tenhamos trabalhado com outros países com processos de diálogo e negociação. Mas, diálogo em torno da democratização, diálogo em torno da libertação dos presos políticos, diálogo em torno do fortalecimento institucional e diálogo para processos eleitorais críveis”, frisou.

Desta forma, Almagro defendeu a própria gestão, na qual foi além das posições dos membros da OEA, com duras observações aos governo de Cuba, Venezuela e Nicarágua.

No aspecto econômico, vangloriou-se por ter devolvido a “solvência” à OEA: quando chegou em 2015, encontrou um déficit de US$ 9 milhões nas reservas, destinados a contingências, e agora há um superávit de US$ 16 milhões.

“Garantimos a continuidade da boa administração e da austeridade”, disse Almagro, ao enfatizar que devolveu a OEA “ao seu lugar central como fórum político hemisférico”.

HUGO DE ZELA

O atual embaixador peruano nos Estados Unidos, Hugo de Zela, disse que a OEA deve voltar a ser “um lugar de encontro” e prometeu que, se for eleito secretário-geral, será um “interlocutor capaz de mediar e negociar com eficácia” para alcançar soluções “efetivas” e “pacíficas”.

“A Secretaria-Geral tem de fazer parte da solução. Seu papel não pode ser exacerbar crises, nem adotar posições que excluam a OEA de negociar esforços para resolvê-las”, disse De Zela, que lançou ataques duros contra Almagro, sem sequer mencioná-lo.

Ele considerou que “não se deve confundir relevância com presença midiática”, em alusão à frenética atividade de Almagro no Twitter. Além disso, prometeu que, se eleito, não concorrerá à reeleição e só ocupará a Secretaria-Geral da OEA por um mandato, que dura cinco anos.

“Eu cumpro minhas promessas quando as faço”, desafiou De Zela, mais uma vez se referindo a Almagro.

Quando chegou à OEA, em 2015, Almagro prometeu que não tentaria a reeleição, mas agora decidiu se candidatar.

MARÍA FERNANDA ESPINOSA

Em discurso com trechos em inglês, espanhol e francês, a equatoriana Maria Fernanda Espinosa apresentou a candidatura como a possibilidade de fazer do próximo mandato da Secretaria-Geral o “período de cinco anos das mulheres” e antecipou que, se liderar esta organização, haverá “tolerância zero” para o assédio sexual e laboral.

“Se a sua decisão é me apoiar, esta organização terá pela primeira vez em 71 anos uma mulher ocupando o seu mais alto cargo executivo”, argumentou a diplomata.

Espinosa, cuja candidatura está sendo promovida por Antígua e Barbuda junto com São Vicente e Granadinas, propôs uma renovação e revitalização da OEA, um relançamento da agenda e um código de ética para a Secretaria-Geral.

“Não promoverei ideologias pessoais nem os interesses de grupos sociais ou partidários”, destacou a candidata, que também propôs que as missões de observação eleitoral da OEA “mantenham um caráter técnico, imparcial e independente”.

Espinosa ganhou apoio entre os países do Caribe, os que mais sofreram com a crise climática. Por isso, anunciou que promoverá uma iniciativa de “coordenação hemisférica das Forças Armadas e especialistas civis para situações de emergência por desastres”.