A Argentina registrou inflação de 0% nos alimentos na terceira semana de junho de 2024. O resultado foi confirmado e celebrado pelo presidente do país, Javier Milei, na segunda-feira (24) durante visita à Europa.
“Começam a aparecer indícios de que as coisas estão funcionando”, disse Milei em entrevista à rádio Mitre, de Buenos Aires.”Teria sido uma catástrofe se não tivéssemos atuado carretamente”.
A informação foi relatada anteriormente pelas empresas de pesquisa e consultoria LCG e Econométrica. É a primeira vez em 30 anos que o indicador chega a esse nível.
Milei atribuiu a queda da inflação a reformas estruturais e políticas monetárias que buscam controlar a quantidade de dinheiro em circulação e equilibrar o orçamento. As reformas incluíram cortes nos gastos públicos e uma política monetária mais restritiva.
“A riqueza não se imprime, a riqueza se gera”, disse Milei.
Reduzir a inflação é visto pelo presidente Argentino como passo crucial para recuperar a economia do país — que enfrenta há anos altos níveis de dívida pública e instabilidade.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (INDEC), organização análoga ao IBGE brasileiro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice de Custo da Construção (ICC), dois medidores da inflação, também refletiram essas melhorias.
Um relatório do INDEC para maio de 2024 mostrou uma queda constante da inflação desde o início do mandato de Milei.
Recessão — sem alternativa a “tratamento de choque”
Apesar da comemoração quanto à inflação, dados oficiais divulgados na segunda-feira (24) também registram que o país entrou em recessão técnica no primeiro trimestre.
Um relatório do ministério da Economia da Argentina sobre o período, mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) do país, medida da produção nacional, registrou uma queda de 2,6% comparado com o trimestre anterior. É o segundo trimestre consecutivo com queda, o que comumente é usado como critério para afirmar que há “recessão”.
Em 10 de dezembro de 2023, em seu discurso de posse, Milei disse que não haveria alternativa para a economia nacional a não ser um “tratamento de choque” doloroso. O autodeclarado libertário assumiu o país em meio à pior crise econômica enfrentada pela Argentina desde 2001. À época da posse, a inflação anual atingia 211%.
“Sabemos que no curto prazo a situação vai piorar”, Milei alertava, pontuando que depois “veremos os frutos dos nossos esforços”.
As estatísticas oficiais divulgadas sobre o primeiro trimestre de 2024 também mostram um aumento na taxa de desemprego, subindo para 7,7%, comparado a 5,7% no início do ano.