O índice de pobreza na Argentina apresentou uma redução no terceiro trimestre de 2024, se comparado ao primeiro semestre deste ano, caindo de 52,9% para 38,9%, enquanto a pobreza extrema — também chamada de indigência — recuou de 16% para 8,6% no mesmo período. No primeiro trimestre, a pobreza extrema havia alcançado 20,2%.
As estimativas são do Conselho Nacional de Coordenação de Políticas Sociais (CNCPS), órgão subordinado ao Ministério do Capital Humano. Publicado nesta quinta-feira (20), o dado é resultado de uma análise do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
Os dados refletem uma tendência de recuperação, impulsionada por políticas econômicas implementadas pelo governo do presidente argentino Javier Milei (La Libertad Avanza). Simbolizadas pela imagem de uma motosserra, as medidas cortaram gastos públicos e enxugaram a máquina estatal.
O resultado foi a diminuição progressiva da inflação, que estava em 25,5% em dezembro de 2023, mês no qual Milei assumiu a Casa Rosada — e em outubro deste ano se estabilizou em 2,7%. Os dados foram publicados pelo Banco Central da Argentina.
Além disso, o órgão governamental destacou a melhoria na distribuição de recursos para os setores mais vulneráveis, que, a partir de 2024, passaram a ser transferidos diretamente para as famílias, sem a intermediação de entidades.
Especialistas reconhecem melhorias
Profissionais consultados pelo jornal argentino La Nación apontam que a redução da pobreza e da indigência reflete uma melhoria nas condições econômicas dos setores mais pobres, embora os números absolutos variem ligeiramente dependendo da metodologia usada.
Para o economista Martín Rozada, da Universidade Torcuato Di Tella, a taxa de pobreza para o semestre de abril a setembro de 2024 estaria em torno de 44,9%, com uma projeção de que, se a evolução da renda continuar a melhorar, o índice de pobreza do segundo semestre pode ficar próximo dos 40%.
Coordenador do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA), Agustín Salvia observou que, embora os dados de pobreza no terceiro trimestre de 2024 (38,9%) sejam semelhantes aos de 2023 (38,6%), a queda de 51% para 38,9% entre os trimestres de abril e setembro deste ano é notável.
Na avaliação de Salvia, isso é resultado de uma desaceleração na alta dos preços e do aumento do poder de compra da renda dos trabalhadores. Ele também apontou que a extrema pobreza caiu de 10% para 8,5% quando comparado aos mesmos trimestres de 2023 e 2024.
Na mesma linha, o especialista em pobreza e desigualdade da Universidade de La Plata, Leopoldo Tornarolli, compartilha da visão de que a redução da pobreza pode ser ainda mais acentuada ao final de 2024.
De acordo com o pesquisador, caso a tendência de queda continue, a pobreza no semestre de julho a setembro pode ficar abaixo dos 40%, resultando em um fechamento do ano abaixo dos níveis de 2023.
Este cenário de melhora econômica, embora ainda desafiador, sinaliza uma recuperação na Argentina que, com base nas estimativas, pode encerrar 2024 com uma taxa de pobreza mais baixa do que a observada no ano anterior.