O governo argentino apontou nesta sexta-feira (25) Hussein Ahmad Karaki como o chefe operacional do grupo terrorista libanês Hezbollah na América Latina, pediu sua prisão internacional e afirmou que foi ele quem comprou o carro-bomba usado no atentado à Embaixada de Israel em Buenos Aires em 1992.
Em entrevista coletiva, a ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, descreveu Karaki como “o mentor e recrutador do Hezbollah na América Latina” e enfatizou que “foi ele quem comprou e preparou a caminhonete que explodiu na Embaixada de Israel” na Argentina, um ataque que matou 29 pessoas.
Bullrich também enfatizou que Karaki, que supostamente operava na região com documentos de Brasil, Colômbia e Venezuela, está atualmente no Líbano, país onde nasceu, e revelou que as informações anunciadas nesta sexta-feira são o resultado de uma investigação conjunta com outros países da região.
“Queremos que o povo argentino saiba quem é Karaki, queremos que o povo argentino saiba que Karaki estava por trás dos atentados à embaixada, que foi ele quem comprou o carro-bomba na Embaixada e que ele era o chefe operacional, em linha direta com (Hassan) Nasrallah, que foi morto há algumas semanas no Líbano e que recebeu a ordem direta para o ataque à AMIA”, acrescentou o ministro, ligando Karaki também ao ataque à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994, no qual 85 pessoas morreram.
Embora Bullrich não tenha fornecido mais informações sobre o papel do suposto chefe operacional do Hezbollah na região nesse segundo ataque, um relatório do serviço de inteligência israelense Mossad citou Karaki como o suposto comandante dessa operação.
Nesse relatório, amplamente divulgado pela imprensa argentina e internacional em 2022, o Mossad já havia apontado Karaki como a pessoa encarregada de comprar a caminhonete Ford F-100 usada no ataque contra a embaixada israelense.
Embora o Hezbollah, um aliado do Irã, tenha sido responsabilizado em várias investigações pelos ataques à Embaixada de Israel e à AMIA, ambos os casos permanecem abertos nos tribunais argentinos, que também têm mandados de prisão para vários ex-funcionários iranianos pelo ataque à entidade judaica.
Bullrich também apontou que Karaki estava por trás de uma série de tentativas de ataques na América Latina nos últimos anos, incluindo um na Colômbia em 2021 e outro na Bolívia contra empresários israelenses usando um carro-bomba.
A ministra mencionou que a tentativa de ataque mais recente em que ele esteve envolvido ocorreu no Peru, em março deste ano, e acrescentou que a Polícia Federal brasileira, em colaboração com a Argentina, evitou uma operação contra instalações da comunidade judaica e uma segunda contra um empresário em 2023.