Por Agência EFE
A Argentina disse nesta sexta-feira que o “estudo preliminar de viabilidade” que o Uruguai realizou com a China visando a assinatura de um Tratado de Livre Comércio (TLC) deveria ser tratado “dentro” do Mercosul e analisado “por todos os países membros”.
“A Secretaria de Relações Econômicas Internacionais destacou que a decisão do Uruguai de iniciar, em breve, conversas para assinar um Tratado de Livre Comércio (TLC) com a China, sem a participação do Mercosul, está em fase de avaliação”, disseram fontes da área econômica do Ministério das Relações Exteriores da Argentina em um comunicado.
Na última quarta-feira, o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, disse que seu país e o gigante asiático iniciarão conversas nos próximos dias para assinar um TLC após a conclusão “positiva” de um estudo de viabilidade realizado por ambas as nações.
Em setembro do ano passado, Lacalle Pou já havia tornado público que os dois países pretendiam avançar em um acordo, apesar de o Mercosul não permitir acordos fora do bloco.
“Consenso”
No comunicado, a Argentina “reivindica a construção histórica” do Mercosul, “que tem que ter a participação e o consenso de todas as partes”.
“O que o Uruguai tem feito é avançar em um estudo preliminar de viabilidade que deve então ser tratado e internalizado no Mercosul e deve ser analisado por todos os países membros”, acrescenta o texto.
Lacalle Pou, líder do Partido Nacional, de centro-direita, disse na quarta-feira que sua decisão de assinar um acordo com a China “não contraria, nem se opõe” à adesão ao Mercosul.
“Do nosso ponto de vista e com as regras internacionais em vigor no Mercosul, temos o direito de seguir em frente. Sempre dissemos que não queremos avançar sozinhos; todos sabemos o peso que o Mercosul tem em termos demográficos e econômicos para avançarmos juntos. O que o Uruguai não estava preparado para fazer era ficar parado”, enfatizou.
Às vésperas da Cúpula
Esta situação ocorre às vésperas da cúpula semestral do Mercosul, que será realizada em Assunção, no próximo dia 21, à qual o presidente Jair Bolsonaro disse que não vai comparecer.
Na quinta-feira, o governo paraguaio informou que se encontra na “fase de avaliação” da decisão uruguaia e comentou que reivindica o “cumprimento das disposições dos textos fundadores do Mercosul”, que estipulam que qualquer decisão adotada dentro do bloco “deve ser por consenso”.
As diferenças dentro do bloco sobre a estratégia de abertura comercial se tornaram públicas em março de 2021, quando os chefes de Estado dos quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) comemoraram o 30º aniversário do bloco.
Na ocasião, Lacalle Pou declarou que “o que ele (Mercosul) não pode e não deve ser é um fardo” e o criticou por ser “um espartilho” dentro do qual seu país não pode se mover.
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também: