O ministro da Economia argentino, Sergio Massa, advertiu nesta terça-feira que vai utilizar “todas as ferramentas do Estado” diante da disparada das taxas de câmbio paralelas e avisou que notificou o Fundo Monetário Internacional (FMI) das restrições previstas no programa que pretende “alterar”.
“Vamos usar todas as ferramentas do Estado para colocar ordem nesta situação e, nesse sentido, notificamos o FMI das restrições que pesavam sobre a Argentina e que vamos mudar na rediscussão do programa”, disse Massa em mensagem no Twitter, uma vez que a organização limita as intervenções do Banco Central no mercado de câmbio paralelo.
O ministro acrescentou que vai “utilizar a Justiça Penal econômica como veículo de investigação e esclarecimento de alguns comportamentos” e a Unidade de Informação Financeira (UIF) e a Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNV) para “a análise de operações ligadas à lavagem de dinheiro”.
Massa, que também representa a terceira força da coalizão governamental Frente de Todos e pode ser pré-candidato à presidência neste ano, reconheceu que “há vários dias” a Argentina está vivendo “uma situação atípica de rumores, versões, notícias falsas e o seu consequente impacto nos instrumentos financeiros ligados ao dólar”.
As cotações paralelas à taxa de câmbio oficial continuam a subir sem controle nesta terça-feira, na Argentina, perante a alta da inflação (104,3% ao ano) e a escassez de divisas, que dificulta a gestão do governo peronista até as eleições presidenciais.
No mercado informal, o preço do “dólar blue” – que é vendido no mercado clandestino e que, na prática, serve de referência para os cidadãos devido à impossibilidade acesso ao dólar oficial – subiu 35 pesos, para um novo recorde de 497 pesos por unidade.
Ao mesmo tempo, os chamados dólares financeiros acompanharam a subida, aumentando a diferença em relação à taxa oficial para 118%.
O dólar “contado com liquidação” (CCL, que consiste em comprar localmente com pesos argentinos ações ou bônus e vendê-los em dólares em Wall Street) subiu 4,4%, para 482,5 pesos por unidade.
O “dólar bolsa”, ou “dólar MEP” (que é obtido comprando ativos cotados tanto em pesos como em dólares, pagos em pesos quando comprados e vendidos em dólares na bolsa argentina), subiu 4,9%, para 470,97 pesos por unidade.
No mercado oficial de divisas, a taxa de câmbio a atacado subiu 0,3%, para 220,85 pesos por unidade para venda.
“Ao mesmo tempo, vamos continuar com os acordos multilaterais”, a transformação das “exportações em yuan” e o acordo de saques com o FMI para reforçar as reservas que foram prejudicadas pelo impacto da seca, acrescentou Massa.
A equipe econômica vai viajar nos próximos dias a Washington para negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual a Argentina tem um programa de refinanciamento de US$ 45 bilhões que prevê metas trimestrais que o país não cumpriu no primeiro trimestre de 2023.
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