Arábia Saudita intercepta míssil balístico a caminho do palácio real

19/12/2017 19:21 Atualizado: 19/12/2017 19:21

A família real saudita evitou por pouco um desastre quando o palácio real na capital de Riade foi poupado poucos segundos antes de ser atingido por um míssil balístico em 19 de dezembro.

O míssil disparado por extremistas houthi, apoiados pelo Irã, no Iêmen foi interceptado antes de chegar ao palácio, que é usado pelo rei Salman para reuniões semanais do gabinete governamental.

Um porta-voz dos houthi confirmou o lançamento de um míssil balístico Volcano H-2 no Twitter e que o palácio real era o alvo pretendido.

Esse é o segundo míssil balístico disparado contra a capital da Arábia Saudita em pouco mais de um mês.

Arábia Saudita, míssil balístico - O príncipe herdeiro saudita Salman bin Abdulaziz no Palácio de Erga em Riade, Arábia Saudita, em 9 de dezembro de 2013 (Mark Wilson/Getty Images)
O príncipe herdeiro saudita Salman bin Abdulaziz no Palácio de Erga em Riade, Arábia Saudita, em 9 de dezembro de 2013 (Mark Wilson/Getty Images)

Em 5 de novembro, um míssil balístico disparado do Iêmen visando o Aeroporto Rei Khalid foi interceptado pelo sistema de defesa de mísseis Patriot, fabricado pelos Estados Unidos.

O momento dos lançamentos dos mísseis é suspeito devido ao contexto político na Arábia Saudita.

Embora em meio a um conflito que já dura anos entre a Arábia Saudita e os combatentes houthi, o ataque à família real ocorre quando uma grande repressão anticorrupção está em andamento na nação saudita.

Em 4 de novembro, apenas um dia antes do primeiro lançamento de míssil balístico, a Arábia Saudita realizou uma grande repressão contra a corrupção, prendendo 11 príncipes e 38 outras figuras importantes do reino. No total, mais de 500 pessoas foram presas por um comitê anticorrupção liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Os presos incluem algumas das pessoas mais ricas e influentes da Arábia Saudita.

Arábia Saudita, míssil balístico - O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman em Riade, Arábia Saudita, em 11 de abril de 2017 (Bandar Algaloud/Cortesia da Corte Real Saudita via Reuters)
O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman em Riade, Arábia Saudita, em 11 de abril de 2017 (Bandar Algaloud/Cortesia da Corte Real Saudita via Reuters)

Entre os detidos está o bilionário príncipe saudita Alwaleed bin Talal, a 50ª pessoa mais rica do mundo.

Alwaleed tem sido vinculado à divulgação de ensinamentos islâmicos radicais tanto na Arábia Saudita como nos Estados Unidos. Ele tem importantes interesses comerciais nos Estados Unidos, incluindo participações no Citigroup e Twitter.

O príncipe promoveu laços com o então presidente Barack Obama, bem como com a família Bush e os Clinton.

Arábia Saudita, míssil balístico - O príncipe saudita Alwaleed bin Talal durante uma reunião com o ministro das relações exteriores do Sri Lanka, Ravi Karunanayake, em Colombo, em 4 de julho de 2017 (Ishara S. Kodikara/AFP/Getty Images)
O príncipe saudita Alwaleed bin Talal durante uma reunião com o ministro das relações exteriores do Sri Lanka, Ravi Karunanayake, em Colombo, em 4 de julho de 2017 (Ishara S. Kodikara/AFP/Getty Images)

O presidente estadunidense Donald Trump expressou no Twitter em 6 de novembro seu apoio à repressão anticorrupção.

“Tenho uma grande confiança no rei Salman e no príncipe herdeiro da Arábia Saudita, eles sabem exatamente o que estão fazendo…”, escreveu o Trump no Twitter.

O pai de Alwaleed, Talal bin Abdulaziz al-Saud, tem uma história de política radical islâmica e anteriormente foi suspeito de tentar um golpe comunista na Arábia Saudita.

O lançamento de mísseis também revela a crescente influência do Irã na região e seu papel no fornecimento de armas avançadas a extremistas.

“Mísseis balísticos e armas avançadas estão aparecendo em mais zonas da região”, disse Nikki Haley, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, em 14 de dezembro.

Haley disse que a análise do míssil disparado em 5 de novembro mostrou que foi produzido no Irã.

Arábia Saudita, míssil balístico - Nikki Haley, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, revela informações previamente secretas que supostamente provariam que o Irã violou a RCSNU 2231 [Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas] ao fornecer armas aos rebeldes houthi no Iêmen; durante uma conferência de imprensa na Base Conjunta Anacostia em Washington, D.C., em 14 de dezembro de 2017 (Jim Watson/AFP/Getty Images)
Nikki Haley, a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, revela informações previamente secretas que supostamente provariam que o Irã violou a RCSNU 2231 [Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas] ao fornecer armas aos rebeldes houthi no Iêmen; durante uma conferência de imprensa na Base Conjunta Anacostia em Washington, D.C., em 14 de dezembro de 2017 (Jim Watson/AFP/Getty Images)
“Estas são as peças recuperadas de um míssil disparado por militantes houthi do Iêmen em direção à Arábia Saudita… inequivocamente essas armas foram fornecidas pelo regime iraniano, a evidência é inegável”, disse Haley enquanto de pé próxima das partes do míssil.

“As armas bem poderiam ter tarjas dizendo ‘Produzido no Irã’”, comentou Haley.

O programa de mísseis balísticos do Irã não é abrangido pelo acordo nuclear alcançado com a gestão Obama e outras potências mundiais em 2015.

Isto significa que o Irã pode desenvolver essa tecnologia avançada e seu programa de mísseis sem repercussões para o acordo nuclear.

Arábia Saudita, míssil balístico - Um cartaz descreve as partes de um míssil balístico Qiam iraniano em exibição após a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, revelar informações previamente secretas que supostamente provariam que o Irã violou a RCSNU 2231, fornecendo armas aos rebeldes houthi no Iêmen; durante uma conferência de imprensa em Base Conjunta Anacostia em Washington, D.C., em 14 de dezembro de 2017 (Jim Watson/AFP/Getty Images)
Um cartaz descreve as partes de um míssil balístico Qiam iraniano em exibição após a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, revelar informações previamente secretas que supostamente provariam que o Irã violou a RCSNU 2231, fornecendo armas aos rebeldes houthi no Iêmen; durante uma conferência de imprensa em Base Conjunta Anacostia em Washington, D.C., em 14 de dezembro de 2017 (Jim Watson/AFP/Getty Images)

“O que estamos dizendo é que todos têm estado preocupados em relação ao Irã com medo de ele sair do acordo nuclear, e eles estão permitindo que mísseis como este sejam disparados contra civis inocentes”, disse Haley.

Trump anunciou em outubro que sua administração renegociaria o acordo oficialmente conhecido como Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA). Se isso não funcionar, Trump disse que terminaria completamente o acordo e negociaria um novo.

O acordo nuclear existente possibilitaria que o Irã tivesse uma arma nuclear até 2026. Naquele momento, as restrições críticas sobre o enriquecimento de urânio são gradualmente eliminadas e o regime teria então permissão para operar milhares de centrífugas avançadas. Especialistas acreditam que a partir desse ponto o Irã poderia desenvolver uma arma nuclear num prazo de seis meses.