Após críticas de Maduro ao sistema eleitoral brasileiro, TSE cancela envio de observadores para eleições na Venezuela

Por Redação Epoch Times Brasil
25/07/2024 13:36 Atualizado: 25/07/2024 19:44

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desistiu, na quarta-feira (24), de enviar observadores brasileiros para acompanhar as eleições venezuelanas que ocorrerão no próximo domingo. A decisão foi tomada como resposta aos apontamentos de Nicolás Maduro, que tenta continuar no cargo máximo do país para o quarto mandato consecutivo.

Na terça-feira (23), em meio a um comício de campanha, Maduro enalteceu o processo eleitoral venezuelano e, ao mesmo tempo, emitiu críticas à forma com qual Estados Unidos, Colômbia e Brasil conduzem seus respectivos pleitos.

“Temos o melhor sistema eleitoral do mundo. Temos 16 auditorias e se fazem auditorias em tempo real em 54% das mesas. Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral não é auditável. No Brasil? Não se audita nenhuma ata no Brasil. Na Colômbia? Não se audita nenhuma ata”, declarou Maduro.

A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, elaborou nota oficial para divulgação a jornalistas, sem mencionar diretamente Maduro nem Venezuela

Confira na íntegra:

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral afirmou, hoje, que é falso que as urnas eletrônicas brasileiras não sejam auditadas. São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento.

Na democracia brasileira, o voto do eleitor é livre e garantido democraticamente por um processo transparente, de lisura e excelência comprovada, o que assegura a confiança do brasileiro no sistema adotado.

A Justiça Eleitoral brasileira compromete-se para que o eleitor tenha pleno respeito a sua liberdade de escolha na representação política, pelo que dota de plena segurança a urna eletrônica. A democracia é o princípio e o fim do trabalho incessante, comprometido e de comprovada superioridade do sistema eleitoral nacional.

A Justiça Eleitoral brasileira compromete-se para que o eleitor tenha pleno respeito a sua liberdade de escolha na representação política, pelo que dota de plena segurança a urna eletrônica. A democracia é o princípio e o fim do trabalho incessante, comprometido e de comprovada superioridade do sistema eleitoral nacional.

Afirmar mentira sobre a confiabilidade da urna eletrônica brasileira, que – reitere-se – é auditável e segura, é semear inaceitável afronta à seriedade, à segurança e à publicidade plena do processo eleitoral do Brasil, levado a efeito com integridade, austeridade e eficiência para o fortalecimento contínuo da democracia.

Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo.

A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil.

González lidera pesquisa com quase 60% dos votos

Candidato da oposição, o diplomata Edmundo González Urrutia aparece em vantagem na maioria das pesquisas. Em uma delas, realizada entre os dias 5 e 11 de julho pelo Instituto Delphos, o ex-embaixador da Venezuela na Argentina desponta com 59,1% dos votos, enquanto Maduro tem apenas 24,6%.

Formado em Relações Internacionais na Universidade Central da Venezuela e mestre pela American University, em Washington, González só é candidato devido ao impedimento da líder oposicionista María Corina Machado de concorrer. A ex-deputada foi barrada pela pela Suprema Corte venezuelana, aliada de Maduro.

Na terça-feira (23), o diplomata ofereceu a Corina a função que ela desejar em seu governo. “O cargo que ela quiser, ela terá”, declarou durante discurso em Maracaibo.

Opositores e analistas não acreditam que Maduro deixará o poder pacificamente. “Se não querem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, vamos garantir a maior vitória eleitoral da história”, ameaçou o chavista na semana passada.