Em meio a um cenário de tensão política crescente na Bolívia, apoiadores armados do ex-presidente Evo Morales invadiram o quartel do Regimento Cacique Juan Maraza, em Villa Tunari, Cochabamba, nesta sexta-feira (1º).
Durante a ação, os invasores capturaram 20 militares como reféns e saquearam fuzis e munições.
As Forças Armadas da Bolívia confirmaram a invasão por meio de um comunicado, no qual qualificaram o ato como uma “traição” e uma séria ameaça à segurança e à soberania do país. Além do quartel, uma base naval também sofreu ataques.
“O pessoal que está retido em qualidade de reféns são filhos do povo que estão cumprindo seu sagrado dever de se preparar para a defesa da pátria”, diz a nota.
Os invasores cortaram o fornecimento de água e energia, isolando os militares nas instalações. “O Regimento foi tomado pelas centrais Tipnis. Cortaram nossa água, a luz, e nos fizeram de reféns”, relatou um dos soldados em um vídeo que circula nas redes sociais.
Os Tipnis são reconhecidos como os territórios indígenas do Chapare, um dos principais bastiões de apoio a Evo Morales.
O ex-presidente enfrenta sérias acusações e pode ter uma ordem de prisão emitida devido a alegações de abuso sexual de uma menor, supostamente ocorrido durante seu mandato em 2015.
Segundo a agência estatal boliviana, as invasões às unidades militares representam uma reação às operações do governo de Luis Arce, que, nos últimos 20 dias, tem se dedicado a remover os bloqueios nas estradas impostos pelos apoiadores de Morales para evitar sua possível prisão.
Esses bloqueios geraram uma crise de abastecimento, fazendo com que motoristas enfrentassem longas filas nos postos de gasolina e provocando um aumento alarmante nos preços de produtos básicos, impactando diretamente a vida cotidiana da população.
Nas redes sociais e na mídia local, circularam vídeos que mostram a situação tensa em Villa Tunari. Em uma gravação, um militar declara: “As vidas dos meus instrutores e soldados estão em perigo”, enquanto é filmado pelos invasores.
Evo Morales afirma ser vítima de uma perseguição política orquestrada por Luis Arce, seu antigo aliado, agora adversário. Embora tenha sido intimado a prestar depoimento, o ex-presidente não compareceu às autoridades.