A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia anunciou nesta sexta-feira (08) que as próximas eleições presidenciais serão realizadas durante três dias, de 15 a 17 de março de 2024, apesar das críticas da oposição que considera que esta prática incentiva a fraude.
“A votação durante três dias tornou-se tradicional no nosso sistema eleitoral”, declarou a presidente da CEC, Ela Panfilova, que especificou que a comissão eleitoral adotou a decisão com 13 votos a favor e apenas um contrário.
“Foi adotado pela primeira vez durante a pandemia para garantir a segurança dos eleitores, mas com o tempo este formato passou a ser apreciado pelos eleitores”, comentou.
A oposição ao Kremlin sustenta que a possibilidade de votar durante 72 horas estimula a fraude oficial e dificulta o controle da apuração, mesma opinião que tem sobre o voto eletrônico.
Nesse sentido, a titular da CEC antecipou que Moscou convidará observadores estrangeiros, embora esteja descartada a presença da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que sempre foi muito crítica às credenciais democráticas russas.
“Temos contatos extensos. O mundo é muito grande e não está limitado a países hostis”, disse Panfilova, que criticou as tentativas de interferência ocidental nas eleições russas.
Em meados de agosto, a Justiça russa ordenou a prisão do chefe do principal observador eleitoral independente deste país, o Golos, em uma tentativa de impedi-lo de supervisionar as eleições presidenciais do próximo ano.
“No mundo não existem análogos de tal controle sócio-político total, simplesmente não existe”, admitiu a presidente da comissão.
A presidente do Senado, Valentina Matviyenko, deu ontem “o sinal de partida para a campanha eleitoral” depois de a Câmara Alta ter convocado as eleições para 17 de março de 2024.
A expectativa é que o líder russo, Vladimir Putin, anuncie sua candidatura em 14 de dezembro, durante sua coletiva de imprensa anual, a primeira desde 2021.
De acordo com uma sondagem do Fundo de Opinião Pública, 70% dos russos defendem a candidatura de Putin e apenas 8% querem sua saída da política.
Além disso, 78,5% dos russos confiam no atual inquilino do Kremlin e 75,8% aprovam sua gestão à frente do Estado.
A oposição extraparlamentar liderada pelo detido Alexei Navalny decidiu não boicotar as eleições, uma opção apoiada por outros adversários, como o enxadrista Garry Kasparov.
Por sua vez, os comunistas e ultranacionalistas, que têm representação parlamentar, deverão apresentar os seus próprios candidatos nas próximas semanas.