Apagão em Cuba deixa 90% da população sem energia após falha na rede elétrica nacional

Por Redação Epoch Times Brasil
19/10/2024 06:26 Atualizado: 19/10/2024 06:26

Cuba mergulha numa crise sem precedentes, com um apagão que deixou aproximadamente 10 dos seus 11 milhões de habitantes sem energia elétrica na sexta-feira (18). Atribuída à paralisação da usina elétrica Antonio Guiteras, a maior do país, a falha provocou o colapso total da rede elétrica nacional, de acordo com o Ministério de Energia.

O regime cubano já havia tomado medidas preventivas antes do apagão: fechou escolas, indústrias consideradas não essenciais e liberou a maioria dos funcionários públicos.

As medidas tentavam diminuir o impacto da crise energética que a ilha enfrenta há meses, marcada por cortes frequentes na eletricidade e falta crescente de alimentos, combustíveis, medicamentos e até mesmo água.

“Não haverá descanso até que [a energia] seja restaurada”, disse o líder cubano Miguel Díaz-Canel, em publicação na rede social X

A interrupção do fornecimento elétrico provocou o fechamento quase total do comércio em Havana, onde o som de geradores particulares se tornou comum nas residências e restaurantes.

O turista brasileiro Carlos Roberto Julio chegou recentemente em Havana e descreveu a situação dramática da ilha. “Fomos a um restaurante e não tinham comida porque não tinha energia, agora também estamos sem internet. Em dois dias, já tivemos vários problemas”, relatou Carlos à agência Reuters.

Segundo o primeiro-ministro do país caribenho, Manuel Marrero, a piora dos apagões nas últimas semanas ocorreu devido a três principais razões: deterioração da infraestrutura elétrica, escassez de combustível e aumento na demanda de energia — impulsionada, na visão do cubano, pela expansão do setor privado no país.

“A escassez de combustível é o maior fator”, alegou Marrero em mensagem de TV à nação.

Ventos fortes associados ao furacão Milton, que atingiu a região na semana passada, complicaram ainda mais a entrega de combustível às usinas.

“Embargo econômico”, EUA e Trump

O regime de Cuba tem atribuído a crise energética ao denominado “embargo comercial” dos Estados Unidos, bem como às sanções do ex-presidente americano Donald Trump, que teriam dificultado a aquisição de combustíveis e peças de reposição para as usinas cubanas.

“O cenário complexo é causado principalmente pela intensificação da guerra econômica e da perseguição financeira e energética dos Estados Unidos”, culpou Díaz-Canel no X na quinta-feira (17).

Pelo outro lado, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca declarou: “Os Estados Unidos não são culpados pelo apagão de hoje na ilha, ou pela situação geral de energia em Cuba”.

Venezuela, PDVSA e petróleo

A situação de Cuba é ainda mais agravada pelo reduzido fornecimento de petróleo. A Venezuela, seu principal fornecedor, cortou os embarques para uma média de 32.600 barris por dia.

A quantia é cerca de metade em relação ao que era enviado antes, segundo dados da estatal petrolífera venezuelana PDVSA — sigla para Petróleos de Venezuela S.A.

Outros países, como Rússia e México, também diminuíram consideravelmente as exportações, deixando a ilha dependente de um mercado à vista muito mais caro.