A poucas horas do início, nesta quinta-feira, da primeira audiência na Corte Internacional de Justiça de Haia (CIJ) que abordará a acusação da África do Sul de que Israel está cometendo genocídio na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu ontem à noite que seu governo não pretende deslocar os civis do enclave palestino.
“Israel não tem intenção de ocupar Gaza permanentemente ou de deslocar sua população civil”, declarou Netanyahu ontem à noite, após a polêmica criada pelas declarações de alguns dos ministros da sua coligação governamental, como os direitistas Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, que pediram o reassentamento dos habitantes da Faixa e a recolonização judaica do enclave palestino.
Netanyahu assegurou que, durante a sua ofensiva militar, as forças israelenses “estão fazendo todo o possível para minimizar as baixas civis, enquanto o Hamas está fazendo todo o possível para maximizá-las, usando civis palestinos como escudos humanos”.
“O Exército israelense insta os civis palestinianos a abandonarem as zonas de guerra, distribuindo panfletos, fazendo chamadas telefônicas e fornecendo corredores de passagem segura”, acrescentou o primeiro-ministro israelense.
Além disso, acusou os terroristas do Hamas “de impedirem” os palestinos de obedecerem às ordens de evacuação “sob a mira de uma arma e, muitas vezes, com tiros”.
“Nosso objetivo é livrar Gaza dos terroristas do Hamas e libertar nossos reféns”. Depois disso, argumentou Netanyahu, “Gaza pode ser desmilitarizada e desradicalizada, criando assim a possibilidade de um futuro melhor para Israel e para os palestinos”.
A equipe jurídica da África do Sul começará a apresentar hoje os seus argumentos jurídicos perante a CIJ, o mais alto tribunal da ONU, para exigir medidas cautelares urgentes contra Israel, a quem acusa de ter “uma intenção genocida” na sua guerra em Gaza.
O caso centra-se na violação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, aprovada em 1948 e em vigor em 152 países.
“Israel participou, está participando e corre o risco de continuar participando em atos genocidas contra o povo palestino em Gaza”, alertou a África do Sul.
Estas audiências ainda não irão abordar o mérito do caso, e se centrarão apenas na necessidade de medidas cautelares para “proteger os direitos do povo palestino contra danos maiores, graves e irreparáveis” durante a ofensiva em Gaza.