A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, anunciou nesta quinta-feira (31) o fechamento dos três consulados-gerais iranianos no país em reação à execução do cidadão germano-iraniano Jamshid Sharmahd, condenado à pena de morte por seu suposto envolvimento com um grupo terrorista.
Especificamente, os consulados-gerais em Frankfurt e Munique (sul) e Hamburgo (norte) estarão fechados, embora a embaixada iraniana em Berlim permaneça aberta.
Com esta medida, a Alemanha quer deixar claro ao “regime ditatorial de injustiça” que governa Teerã que “assassinar” um cidadão alemão tem consequências graves, disse Baerbock, que está em Nova Iorque, segundo um comunicado.
“O regime iraniano estava mais do que consciente do quão cruciais são os detidos alemães (no Irã) para o governo alemão”, acrescentou a ministra.
“O fato de o assassinato ter ocorrido no contexto dos últimos acontecimentos no Oriente Médio mostra que um regime ditatorial de injustiça como o dos mulás não age seguindo a lógica diplomática atual”, assegurou Baerbock, destacando que as relações diplomáticas com o Irã estão “no seu ponto mais baixo”.
Sanções contra Teerã
Baerbock reiterou sua condenação do “papel regional desestabilizador e prejudicial” de Teerã, dos seus envios de armas para a Rússia, do apoio a grupos extremistas como o Hezbollah, o Hamas e os houthis, dos ataques diretos contra Israel, do programa nuclear “não transparente” e da repressão aos protestos da oposição.
Além disso, defendeu a continuação da imposição de sanções contra o Irã, mas lembrou que é necessário aperfeiçoá-las muito e garantir sempre que atingem o regime e não a população.
Baerbock também prometeu que continuaria a trabalhar “incansavelmente” para conseguir a libertação dos demais cidadãos alemães detidos no Irã, como parte do que chamou de “política de tomada de reféns”.
“Para eles e para as pessoas no Irã que apreciam a Alemanha e o que representamos – liberdade, democracia e direitos humanos – mantemos abertos os nossos canais diplomáticos e a nossa embaixada em Teerã, como também fazemos com outros regimes de injustiça, como o da Rússia de Putin”, afirmou.
“Sabemos que existe outro Irã”, ressaltou.
Finalmente, Baerbock reforçou que, se o novo governo iraniano quiser realmente iniciar uma reaproximação com o Ocidente, sabe “quais passos concretos são necessários para fazê-lo”.
Condenado por liderar um grupo terrorista
Em relação ao fechamento das representações diplomáticas, Berlim já recorreu a uma medida semelhante de pressão diplomática em maio de 2023, quando fechou os quatro consulados-gerais russos em retaliação à guerra na Ucrânia.
A pasta de Exteriores alemã convocou na terça-feira o chefe da missão iraniana, atualmente o encarregado de negócios, para transmitir seu protesto pelo “assassinato” de Sharmahd.
“Transmitimos o nosso protesto mais drástico e reservamo-nos a possibilidade de tomar outras medidas”, disse a diplomacia alemã em sua conta na rede social X.
Sharmahd, 69 anos, jornalista de profissão, foi sequestrado em Dubai segundo seus familiares e condenado à morte em fevereiro de 2023 por supostamente liderar um grupo terrorista que planejou 23 ataques em solo iraniano, dos quais realizou cinco.
O Supremo Tribunal iraniano confirmou a pena máxima em abril do ano passado e esta foi executada na segunda-feira, conforme anunciado pelas autoridades de Teerã.
Entre os ataques que se acredita que o grupo tenha realizado está o atentado à bomba de 2008 contra a mesquita Seyed al-Shohada em Shiraz, que matou 14 pessoas e feriu outras 300.
A República Islâmica do Irã foi acusada de utilizar a dupla nacionalidade ou prisioneiros estrangeiros como medida de pressão ou para trocas de prisioneiros com outros países, uma prática que tem sido chamada de “diplomacia de reféns” por organizações de direitos humanos.