Agricultores portugueses bloqueiam desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira algumas estradas do país perto da fronteira com Espanha, como a A-25 ou a A-6, para protestarem contra os cortes previstos na Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE).
A estrada com maior afluência de manifestantes é a A-25, no trecho que vai até a fronteira luso-espanhola de Vilar Formoso e Fuentes de Oñoro, onde cerca de 400 tratores ocupam os últimos 12 quilômetros da via em ambos os sentidos de tráfego.
Trata-se do ponto fronteiriço com maior tráfego de veículos pesados e todos os caminhões que passam pela área estão sendo desviados para estradas nacionais secundárias.
Situação semelhante ocorre em Elvas, perto da província espanhola de Badajoz, onde os agricultores portugueses cortaram a A-6.
Há também bloqueios de estradas na área de Bragança (norte do país) e em Beja (sul), segundo os agricultores, que não anunciaram quanto tempo vão durar os protestos desta quinta-feira.
“Queremos que haja respeito pelo agricultor e pela nossa atividade. Esta é uma manifestação pacífica para o governo tomar medidas a favor do agricultor”, disse à Agência EFE Paulo Tomé, um dos agricultores presentes no corte da A-25.
Nuno Janeiro, agricultor da vila portuguesa de Almofala, afirmou do seu trator, também na A-25, que o objetivo da ação é recuperar os direitos diante da perda de 35% da ajuda que recebem da PAC.
“As políticas não estão de acordo com as necessidades dos agricultores”, declarou à EFE António Norberto, do município de Escalão, explicando que não podem competir com os grandes armazéns.
“Não podemos continuar assim, estão nos sufocando, o diesel está em alta e, se a agricultura parar, ninguém vai comer”, completou outro pecuarista, João, procedente de Idanha-a-Nova.
Perante os protestos dos profissionais agrícolas de todo o país, o governo de Portugal anunciou ontem que vai disponibilizar uma dotação de 500 milhões de euros para mitigar a seca e compensar os cortes na PAC da União Europeia.
Nos últimos dias têm havido protestos de agricultores de diferentes países da UE contra a nova PAC: começando pela França, as mobilizações multiplicaram-se passando por Bélgica, Itália, Alemanha, Polônia, Romênia e Grécia.
Na Espanha, várias organizações agrícolas anunciaram na quarta-feira um calendário de protestos em todo o país para exigir mudanças nas políticas da UE, um plano de choque do governo espanhol e ações das comunidades autônomas diante da crise que vem assolando o campo.