Agência da Coreia do Norte levanta dinheiro para ‘fundo revolucionário’ do ditador

08/01/2018 20:58 Atualizado: 08/01/2018 20:58

Evadir as sanções das Nações Unidas foi fácil graças à China, disse um desertor norte-coreano que já trabalhou na Agência 39, um departamento de produção de dinheiro dedicado à liderança norte-coreana.

Um desertor anônimo disse a mídia ABC que parte do seu trabalho era vender ouro norte-coreano no estrangeiro. Para fazer isso, ele disse que o metal era contrabandeado para a China, onde era vendido em mercados internacionais como ouro chinês.

O homem disse que evadir as sanções da ONU foi fácil e que a China desempenhou um papel central.

“Você apenas muda os nomes das empresas e estabelece filiais em outros países”, explicou o homem.

“É fácil operar na China. A fronteira tem milhares de quilômetros e está totalmente aberta, por isso é fácil contrabandear qualquer coisa.”

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Essas afirmações foram parte da entrevista que um desertor anônimo fez à ABC, organizada com a permissão da Segurança Nacional da Coreia do Sul. É um exemplo de como a Agência 39 obtém moedas ou divisas estrangeiras, tanto legal como ilegalmente, para o ditador Kim Jong-un e aqueles que estão próximos dele.

“A Agência 39 é uma organização voltada para obter moeda estrangeira para o líder”, explicou o desertor.

“Na Coreia do Norte, chamamos isso de ‘fundo revolucionário’.”

“Nós exportamos o que pudermos – ouro, joias, bens agrícolas – vendemos de tudo para conseguir dinheiro para ele.”

O desertor disse que trabalhou para a Agência 39 por cinco anos em vários locais da Ásia.

“A Agência 39 simplesmente tomava qualquer coisa na Coreia do Norte que fizesse dinheiro. Se fizesse dinheiro, eles tomavam e monopolizaram”, disse o desertor.

“Eu estimaria que isso representasse 30-40% da economia total, tudo ia para a alta liderança enquanto as pessoas viviam na pobreza.”

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O líder norte-coreano Kim Jong-un caminha numa varanda da construção ‘Estudo do Grande Povo’, após um desfile militar em Pyongyang em 15 de abril de 2017 (Ed Jones/AFP/Getty Images)

A Agência 39 gerencia uma rede mundial de empresas que geram cerca de US$ 500 milhões até US$ 2 bilhões por ano para o regime norte-coreano, informou a ABC. A Agência 39 teria interesses e atuaria na Ásia, Oriente Médio, África e Europa.

Em meio a sanções globais destinadas a paralisar o regime de Kim Jong-un, as operações da Agência 39 são incontestavelmente críticas para mantê-lo no poder.

A Agência 39 foi acusada de contrafação/falsificação de produtos, vendas de narcóticos e armas, e cibercrime para arrecadar dinheiro. O desertor disse que não sabia como todas essas atividades funcionavam, mas reconheceu que estavam se tornando mais difíceis porque estavam sendo expostos pela comunidade internacional.

Falando a ABC numa entrevista anterior, a analista da defesa Andrea Berger disse que a Agência 39 funciona como uma espécie de “fundo de suborno da realeza”.

“No papel, a Agência 39 é apenas outro departamento do Partido dos Trabalhadores da Coreia, mas, na prática, a Agência 39 é o principal fundo de suborno [do regime]”, disse Berger.

“Ela combina atividades lícitas e ilícitas e cria esse tipo de apoio interno na Coreia do Norte que mantém a liderança e a elite satisfeitas”, disse ela.

“Muitos têm a visão de que a Coreia do Norte seria de fato extremamente isolada da comunidade internacional, que ela não tem relações comerciais com o mundo exterior, exceto com a China, mas a verdade não poderia estar mais longe disso”, continuou ela.

“A Coreia do Norte é muito sofisticada em dissimular o fato de que realmente está fazendo negócios no estrangeiro. O regime é eficaz em esconder-se em plena vista.”

NTD Television

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