Por Reuters
LONDRES – O aeroporto de Gatwick reabriu nesta sexta-feira, 21 de dezembro, depois de 36 horas de caos aéreo envolvendo mais de cem mil passageiros devido a um operador de drone que desafiou atiradores de elite da polícia e do Exército.
Depois da maior interrupção nas atividades do segundo aeroporto mais movimentado do Reino Unido desde o surgimento de uma nuvem de cinzas vulcânicas em 2010, os administradores de Gatwick disseram que 700 aviões devem decolar nesta sexta-feira, mas que ainda haverá atrasos e cancelamentos.
O Reino Unido usou uma tecnologia militar não revelada para proteger o aeroporto do que o secretário britânico dos Transportes, Chris Grayling, disse acreditar serem vários drones.
“O que está acontecendo no local é uma mistura de medidas tomadas para criar a confiança de que as aeronaves são seguras… algumas destas são recursos militares”, disse Grayling à emissora BBC
Grayling disse ainda não existir “uma solução comercial simples e acessível que resolva automaticamente todos os problemas”.
Não se conhece a motivação do operador, ou operadores, das aeronaves por controle remoto, e a polícia disse não haver nada que indique que a interdição de um dos aeroportos mais movimentados da Europa tenha sido um ataque terrorista.
O pesadelo causado pelos drones em Gatwick é considerado a pior interrupção do tipo já provocada em um grande aeroporto e aponta para uma nova vulnerabilidade que será analisada pelas forças de segurança e pelos operadores de aeroporto de todo o mundo.
Atiradores da polícia e do Exército foram chamados para derrubar os drones, que se acredita serem de modelo industrial e que voaram perto do aeroporto todas as vezes que este tentou reabrir na quinta-feira.
Caos
O gerente-chefe de operações de Gatwick, Chris Woodroofe, disse que o responsável ainda não foi encontrado.
Os voos foram suspensos às 21h03 locais de quarta-feira, depois que dois drones foram vistos voando perto do espaço aéreo. A interdição afetou ao menos 120 mil pessoas.
Os drones, cujas vendas dispararam, vêm se tornando uma ameaça crescente a aeroportos de todo o mundo.
No Reino Unido, o número de quase colisões entre drones particulares e aeronaves mais do que triplicou entre 2015 e 2017, e 92 incidentes foram registrados no ano passado.
Usar drones em um raio de 1 quilômetro de distância de um aeroporto britânico pode acarretar cinco anos de prisão.
Os drones causaram sofrimento a dezenas de milhares de viajantes que ficaram presos em Gatwick, muitos dormindo no chão enquanto procuravam rotas alternativas para as férias e reuniões familiares de Natal.
“Não há evidências de que seja relacionado ao terror no sentido convencional”, disse Grayling. “Mas é claramente uma espécie de atividade disruptiva nunca vista antes. Esse tipo de incidente é sem precedentes em qualquer lugar do mundo”.
Ele disse que era incerto quantos drones estavam envolvidos, mas parecia ser mais do que um.
“Acredita-se que seja um pequeno número de drones”, disse Grayling. “Certamente não foram muitos, foram os mesmos drones usados várias vezes.”
Não ficou claro de imediato qual seria o impacto financeiro nas principais companhias aéreas que operam a partir de Go a easyJet, a British Airways e a Norwegian.
A Autoridade de Aviação Civil da Grã-Bretanha disse considerar o evento como uma “circunstância extraordinária”, o que significa que as companhias aéreas não são obrigadas a pagar uma indenização aos passageiros afetados.
As companhias aéreas terão que reembolsar os clientes que não desejam mais viajar e tentar reprogramar os voos para levar os passageiros aos seus destinos.
De Guy Faulconbridge e Alistair Smout