Acusada de atentar contra Cristina Kirchner se isenta e agita teoria de autoria política

Por Agência de Notícias
26/09/2023 15:34 Atualizado: 26/09/2023 15:44

A única mulher indiciada pelo atentado contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ocorrido em Buenos Aires em 1º de setembro de 2022, Brenda Uliarte, declarou-se inocente nesta terça-feira em documento apresentado por sua advogada, Sabrina Mansilla.

Nesse texto, ao qual a Agência EFE teve acesso, a suposta coautora do crime de tentativa de homicídio e companheira do principal acusado, o brasileiro Fernando Sabag Montiel, afirmou que “claramente alguém está por trás” da tentativa de assassinato contra a também ex-presidente (2007-2015) nos arredores de sua casa.

Uliarte afirmou que o deputado da coligação opositora Juntos pela Mudança Gerardo Milman, próximo da candidata presidencial Patricia Bullrich, pagava os manifestantes para “gerar distúrbios e violência nos arredores da residência de Cristina”, embora não tenha dito que financiou o ataque.

“Sei que ele (Sabag) não é capaz de organizar e fazer tudo isso sozinho, claramente há alguém por trás disso. Nunca vi Milman, mas disseram que ele pagava várias pessoas para participarem de manifestações e com isso gerar distúrbios e violência em torno da residência de Cristina Kirchner. Vejamos, não estou dizendo que financiaram o ataque, mas financiaram para agitar e criar confusão”, observou.

Uliarte negou poder “assegurar que o financiaram para matar alguém”, mas confirmou que o grupo de extrema-direita Revolução Federal, conhecido pelos seus ataques a políticos – entre eles, a vice-presidente – recebeu dinheiro de “pessoas contatadas pelo grupo anti-K (Kirchnerista)”.

Em seu texto de quatro páginas, Uliarte se desassociou das ações do namorado, pois, escreveu ela, estava “vivendo um inferno por causa dele e de suas decisões”.

Além de esclarecer que estavam namorando há apenas um mês e meio, ela o acusou de vários “atos de violência de gênero” dentro do relacionamento, de ser “manipulador” e de ser “arrogante”, embora tenha comentado que ela “nunca” imaginou que seria capaz de realizar o ataque.

“Ele sempre dizia que a queria morta, que tinha estragado o país, mas é o que dizem muitos argentinos, e a verdade é que não acreditava que seria sério, sempre acreditei até o dia do incidente, que ele estava me sacaneando, para me assustar e me manipular”, disse Uliarte.

Ela destacou que, embora os ‘copitos’ – assim chamados por venderem algodão doce nas ruas – a acusem de ter sido ela quem “mandava nele”, argumentou que “é totalmente mentira”. “Estão encobrindo-o para que não se saiba a verdade sobre como ele era e os contatos que tinha”, acrescentou.

O ataque fracassado foi perpetrado quando Montiel, então com 35 anos, abordou Cristina Kirchner enquanto ela cumprimentava seguidores na porta de sua casa em Buenos Aires, que demonstravam seu apoio poucos dias depois que um promotor lançou uma dura acusação contra ela em um julgamento em que foi acusada de crimes de corrupção durante seu governo.

O homem disparou perto do rosto da ex-presidente, mas nenhuma bala foi disparada.

No caso, cuja investigação foi liderada pela juíza María Eugenia Capuchetti e pelo promotor Carlos Rívolo, foram detidos e processados o brasileiro, sua namorada e Gabriel Nicolás Carrizo, que geria a venda dos “copitos” e de cujo telefone celular supostamente foram realizadas as comunicações relacionadas ao ataque.

A vice-presidente sempre questionou a Justiça por enviar apenas esses três réus para julgamento oral e não investigar se houve instigadores e possíveis ligações políticas no ataque. No momento, existe apenas uma linha de investigação sobre Milman.

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