Por Luis Dufaur, Fragelo Russo
Já no governo de Donald Trump, os serviços de inteligência americanos constataram que uma unidade especial russa pagava prêmios aos talibãs ou a criminosos associados para matar soldados ocidentais no Afeganistão, segundo o “The New York Times”.
Os EUA deduziram há meses que agia uma unidade russa ligada a serviços sujos análogos no Ocidente.
Seus membros interviram em tentativas de assassinato na Europa para desestabilizar Ocidente ou se vingar de espiões russos que se passaram para o lado ocidental no último ano, pelo menos.
Militantes islamistas e criminosos contratados para o mesmo teriam colhido grandes somas de dinheiro, disseram os especialistas.
A atividade dessa unidade russa e/o análogas foi documentada mais de uma vez em nosso blog.
O presidente Trump foi informado e o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca debateu o problema, escreveu o jornal novaiorquino.
Discutiu-se uma eventual reclamação diplomática a Moscou, mas a Casa Branca não autorizou qualquer medida.
Pela primeira vez ficaria patente que uma unidade de espionagem russa orquestrava ataques às tropas ocidentais e oficializaria o reconhecimento do apoio russo ao Talebã.
A administração Trump temeria uma grande escalada da “guerra híbrida” da Rússia contra o Ocidente apelando com ataques cibernéticos, disseminação de notícias falsas e operações militares secretas.
Funcionários da inteligência não explicaram a demora da Casa Branca em responder à Rússia.
Alguns, como o secretário de Estado Mike Pompeo, postularam políticas mais agressivas em relação a Moscou, mas Trump adotou uma postura acomodatícia em relação, escreveu o jornal.
Biden nada fez nem insinuou a respeito deste ponto sensível esclarecedor do que se está passando.
A avaliação da inteligência no tempo de Trump se baseou em interrogatórios de militantes talibãs e criminosos afegãos capturados.
Pode-se então montar o mapa da operação russa, o pagamento em dinheiro e os lugares onde se faziam os encontros.
Outras autoridades americanas e afegãs já vinham acusando a Rússia de fornecer armas leves aos subversivos islâmicos.
Também supunham que os russos buscavam vingança pelas perdas na Síria em choques com militares americanos.
As mesmas fontes atribuíram a operação à Unidade russa 29155, um braço da agência de inteligência militar de Moscou, citada como G.R.U.
Essa unidade está ligada ao envenenamento de Sergei Skripal, um ex- oficial da G.R.U. que desertou, e sua filha.
Também esteve por trás de uma tentativa de golpe em Montenegro em 2016 e do envenenamento de um fabricante de armas na Bulgária um ano antes.
A unidade tem duas ciberunidades, conhecidas como 26165 e 74455, que invadiram os servidores do Partido Democrata na campanha presidencial americana de 2016 visando inclinar a eleição em favor de Trump.
As operações da Unidade 29155 tendem a ser cada vez mais violentas e seus oficiais são frequentemente condecorados como veteranos militares com anos de serviço, inclusive por ações no Afeganistão na década de 1980.
Mas a unidade não foi acusada formalmente de orquestrar ataques contra soldados ocidentais, como seria o caso agora.
A Rússia qualifica o Talibã como organização terrorista, mas os representantes islâmicos foram a Moscou para negociações de paz.
A ex-URSS sofreu humilhantes derrotas por parte dos Talibãs no século passado.
Mas o relacionamento parece ter mudado 180º nos últimos anos.
A agência Reuters chamou a atenção para o amigável tratamento dos Talibãs para a embaixada russa em Cabul.
Zamir Kabulov, representante especial do presidente Putin no Afeganistão, explicou que sua embaixada estava “conversando” com os Talibãs enquanto a capital caia nas mãos do grupo insurgente islâmico.
A embaixada russa declarou se sentir bem protegida quando os fanáticos assumiram sua segurança e desarmaram de forma “pacífica” à polícia.
“Correu com toda a calma e sem incidentes”, disse Kabulov, em meio às ondas de pânico que percorriam a capital e enquanto as nações ocidentais corriam para evacuar funcionários em cenas até patéticas.
O representante de Putin acrescentou que a “embaixada russa vai elaborar um mecanismo permanente de garantia da segurança” junto com os Talibãs, que agora exibem conduta amistosa para com os russos.
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