Trump é acusado de 37 crimes federais em meio a campanha para voltar à Casa Branca

Por Agência de Notícias
09/06/2023 21:58 Atualizado: 09/06/2023 21:58

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, terá que responder à justiça por 37 crimes relacionados a documentos confidenciais encontrados em sua casa na Flórida em 2022, em meio à campanha das primárias que vão definir o candidato do Partido Republicano na disputa pela presidência do país nas eleições de 2024.

Trump é acusado de retenção ilegal de segredos de governo, obstrução da justiça e conspiração, entre outros delitos, de acordo com documentos divulgados oficialmente nesta sexta-feira pela justiça americana, um dia depois de ele afirmar que “a maior caça às bruxas da história tinha se mudado para a Flórida”.

O promotor especial Jack Smith, encarregado pela investigação, disse nesta sexta-feira que a lei se aplica a todos e que buscará um julgamento rápido “em conformidade com o interesse público e os direitos do acusado”.

Ele também pediu ao público em geral que lesse o documento de acusação para entender “o escopo e a gravidade dos crimes”.

A acusação alega que Trump “se esforçou para obstruir as investigações do FBI e do grande júri e ocultar a retenção de documentos confidenciais”.

De acordo com o documento de 49 páginas, os crimes mais graves imputados, como obstrução da justiça e conspiração, são puníveis com até 20 anos de prisão e multas de até US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão), e os menos graves, como conspiração para ocultar, com cinco anos de prisão e a mesma penalidade financeira.

Além de Trump, também é acusado no mesmo caso Waltine Nauta, assessor militar que trabalhou para ele durante seu mandato como presidente (2017-2021) e foi visto transportando caixas com documentos oficiais em Mar-a-Lago, residência de Trump em Palm Beach, no estado da Flórida.

Para a investigação foram formados dois grandes júris, um em Washington e outro em Miami, que desde 19 de maio até a última quarta-feira ouviram depoimentos de pessoas relacionadas ao manuseio de documentos oficiais que Trump tinha em sua casa sem autorização, algo que é ilegal nos EUA.

“Terra de Trump”

Na próxima terça-feira, 13 de junho, o ex-presidente deverá ir ao tribunal federal de Miami para ouvir a leitura das acusações.

“Haverá muitos apoiadores lá. A Flórida é a terra de Trump”, disse à Agência EFE o analista político republicano Alfonso Aguilar, um dos que acreditam que “a longo prazo, como no caso de Nova Iorque” (o do suposto pagamento de suborno à atriz pornô Stormy Daniels), essa acusação beneficiará o ex-presidente em sua campanha para voltar à Casa Branca.

A juíza federal que deve supervisionar o caso, pelo menos inicialmente, é Aileen Cannon, nomeada por Trump.

Foi ela quem, no início do caso, aceitou um pedido dos advogados de Trump para que um perito especial analisasse o material apreendido em Mar-a-Lago, que incluía uma centena de documentos confidenciais, e nomeou o veterano juiz de Nova Iorque, Raymond Dearie, para cuidar da tarefa.

Mas, em dezembro de 2022, ela teve que voltar atrás e anular essa decisão devido a um entendimento da Corte de Apelações do Décimo-Primeiro Circuito dos EUA que deu razão ao Departamento de Justiça contra o ex-presidente.

Mudanças na equipe jurídica

Dois dos advogados de Trump, Jim Trusty e John Rowley, pediram demissão nesta sexta-feira, e agora o ex-presidente será representado por Todd Blanche, que já fazia parte de sua equipe jurídica, além de outros advogados que se juntarão “nos próximos dias”, segundo o próprio ex-presidente anunciou.

Em campanha com o objetivo de voltar à Casa Branca, Trump se diz inocente e alega que o objetivo dessa acusação no tribunal federal é “prejudicar sua reputação” para impedi-lo de vencer a eleição de 2024.

“Conluio”, “interferência eleitoral” e “trapaça” são as palavras que Trump repetiu ao longo de um vídeo divulgado ontem à noite, no qual acusou o presidente Joe Biden, que vai tentar a reeleição, de estar por trás de tudo.

Trump foi indiciado em março em um tribunal de Manhattan (Nova York) por suborno para silenciar a atriz pornô Stormy Daniels – que disse que eles tiveram um caso anos antes – durante sua campanha para as eleições de 2016. Essa foi a primeira acusação criminal feita contra um ex-presidente dos EUA.

Vários de seus rivais nas primárias, incluindo o governador da Flórida, Ron DeSantis, e as demais principais figuras do Partido Republicano saíram em defesa de Trump depois de saberem do novo processo judicial contra ele.

De acordo com o analista político Aguilar, a base republicana vai ficar do lado de Trump, e também de muitos democratas moderados e independentes, porque, para eles, se trata de “um caso político” contra o “principal oponente” do atual presidente e candidato à reeleição.

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