Republicanos dos EUA declaram guerra aos cartéis mexicanos

Por Agência de Notícias
08/03/2023 22:07 Atualizado: 08/03/2023 22:07

Os republicanos americanos deram mais um passo nesta quarta-feira na direção de sua meta de declarar os cartéis de drogas como grupos terroristas, com a apresentação de dois projetos de lei que defendem essa designação e para autorizar a atuação do Exército dos Estados Unidos.

Roger Marshall e Rick Scott apresentaram seu projeto em resposta ao sequestro de quatro americanos na última sexta-feira na cidade mexicana de Matamoros, na fronteira com o Texas, e ao posterior assassinato de dois deles.

Em sua mira estão os cartéis do Golfo, do Nordeste, Jalisco Nueva Generación e de Sinaloa; e, além de classificá-los como terroristas, querem proibir a entrada de seus membros nos EUA, autorizar o congelamento de seus bens e impedir qualquer pessoa de ajudá-los conscientemente.

Já no foco do projeto dos senadores Lindsey Graham e John Neely Kennedy, segundo os próprios disseram hoje em entrevista coletiva, estão os cartéis de Sinaloa, Jalisco Nueva Generación, do Golfo, Los Zetas, do Nordeste, de Juárez, de Tijuana, o dos Beltrán-Leyva e a Familia Michoacana.

“Aterrorizaram os americanos por décadas. Vamos destruir seu modelo de negócios e estilo de vida porque nossa segurança nacional depende de uma ação decisiva”, disse Graham.

O projeto de lei será apresentado “dentro de alguns dias” e promove a declaração desses cartéis como uma organização terrorista estrangeira (FTO, na sigla em inglês) para que se possa ativar mais mecanismos contra eles.

Os senadores também buscam autorizar o Exército dos EUA a intervir contra essas organizações “onde quer que estejam”.

“Não para invadir o México ou derrubar aeronaves mexicanas, mas para destruir seus laboratórios” e suas redes, explicou Graham.

“Esperamos fazê-lo em colaboração com os países onde estão, mas se tivermos de fazer sozinhos, faremos sozinhos”, advertiu.

O ponto de inflexão que os levou a acelerar a ação é a situação provocada pelo aumento do consumo de fentanil nos EUA.

A Administração Antidrogas dos EUA (DEA) anunciou em dezembro do ano passado que apreendeu 379 milhões de doses potencialmente fatais de fentanil em 2022, “o suficiente para matar todos os cidadãos americanos”.

Na coletiva de hoje, Graham rotulou o México de “Estado narcoterrorista” e enviou uma mensagem ao presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador: “O fentanil é uma arma de destruição em massa que está vindo de seu país. Você está permitindo refúgios seguros para esses grupos operarem com impunidade. Pedimos que nos ajude”.

O México, no entanto, vê a designação solicitada como uma violação de sua soberania porque autorizaria o Exército dos EUA a combater essas organizações.

Os cartéis mexicanos já são sancionados pelos Estados Unidos, mas o governo do democrata Joe Biden não descarta a possibilidade de ir mais longe e declará-los organizações terroristas.

“Sempre faremos o que for mais eficaz e o que estiver ao nosso alcance para responsabilizar esses grupos”, disse ontem o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, enquanto o procurador-geral Merrick Garland alertou que é preciso ter cuidado nas relações bilaterais, mas não se opõe a essa designação.

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