Uma paciente de 53 anos, com insuficiência renal, se tornou a terceira pessoa a receber um rim de porco geneticamente modificado. O procedimento foi realizado no dia 25 de novembro por cirurgiões do hospital NYU Langone Health, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e divulgado nesta terça-feira (16).
Towana Looney, do estado do Alabama, esperou 8 anos para finalmente deixar a diálise renal. Ela recebeu alta no último dia 6 e, segundo os médicos, está em boa saúde.
Em uma ironia do destino, há mais de 20 anos, em 1999, Towana, então completamente saudável, havia doado um de seus rins para sua mãe. Anos depois, ela desenvolveu insuficiência renal devido a complicações na gravidez.
“Quero dar coragem àqueles que estão em diálise”, disse Towana durante a coletiva de imprensa no hospital. “Não é fácil, e não é a única opção. Há esperança. Estou extasiada. Sou abençoada por ter recebido esse presente, uma segunda chance na vida.”
Por vários motivos, Towana, que estava na lista de transplante de rim desde o início de 2017, não conseguiu encontrar um doador humano compatível, o que a tornou qualificada para o procedimento ainda experimental.
Os dois primeiros pacientes a receber um rim de porco modificado morreram pouco tempo após o procedimento, no começo do ano.
Nos EUA, mais de 103.000 pessoas aguardam por um transplante, sendo a maioria delas precisando de um rim. Dada a escassez de órgãos humanos, alguns pesquisadores estão investigando os porcos como uma possível fonte.
O procedimento é conhecido como xenotransplante, a prática de transplantar órgãos de uma espécie para outra.
Conheça a história dos outros transplantados
Em março, os cirurgiões realizaram o primeiro transplante de um rim de porco geneticamente modificado, no paciente Richard Slayman, de 62 anos. O procedimento aconteceu no Massachusetts General Hospital, em Boston, e fez história.
Slayman recebeu alta e, inicialmente, se recuperava bem, mas faleceu quase dois meses depois da cirurgia.
Em um comunicado, a equipe médica afirmou não haver indícios de que sua morte tenha sido causada pelo transplante. Em novembro, o cirurgião responsável disse que a morte de Slayman foi provocada por um “evento cardíaco inesperado” e garantiu que não havia sinais de rejeição do órgão.
O segundo transplante aconteceu em abril. A paciente Lisa Pisano, de 54 anos, recebeu um rim e uma glândula timo de porco geneticamente modificado após a implantação de uma bomba de coração mecânica. O timo foi adicionado para ajudar a prevenir rejeição. Contudo, 47 dias depois, os médicos removeram o rim devido à falha da bomba de coração em fornecer sangue suficiente, o que causou o colapso do órgão e a morte da paciente.
Em janeiro de 2022 e em setembro de 2023, dois pacientes receberam transplantes de coração de porcos geneticamente modificados, ambos na Universidade de Maryland. Eles morreram em menos de dois meses, sem conseguirem alta hospitalar devido à gravidade de seu estado.