A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, anunciou na terça-feira (15) que, se eleita, irá trabalhar pela descriminalização da maconha. A declaração foi feita durante entrevista ao programa de rádio “The Breakfast Club”, apresentado pelo locutor e comediante Charlamagne tha God.
Ela também prometeu uma reforma policial, seguindo a estratégia do Partido Democrata, que acredita em ambas as medidas como acenos ao eleitorado negro.
Harris argumentou que a maconha já é permitida em alguns estados americanos. A candidata também alegou que a aplicação das normas atuais é desproporcional e afeta principalmente “homens negros”.
“Eu fui a promotora mais progressista da Califórnia em casos de maconha e não mandava pessoas para a prisão por posse simples de maconha. E, como vice-presidente, fui uma defensora de rebaixar a classificação da maconha. Então, em vez de ela ser classificada junto com a heroína, nós a rebaixamos”, revelou a vice-presidente.
“E minha promessa é que, como presidente, vou trabalhar para descriminalizá-la porque sei exatamente como essas leis foram usadas para impactar desproporcionalmente certas populações, especialmente os homens negros”, emendou.
Além de prometer a descriminalização da maconha, Harris acusou na entrevista seu concorrente, o atual candidato republicano e ex-presidente Donald Trump, de disseminar desinformação aos eleitores negros.
A candidata afirmou ser boato que a sua atuação como procuradora-geral de São Francisco tenha resultado em prisões desproporcionais de homens negros.
“Eles estão tentando assustar as pessoas porque sabem que, de outra forma, não teriam nada em que se apoiar”, disse Harris.
A candidata também prometeu que uma de suas prioridades será aprovar o George Floyd Policing Act — legislação que alega combater o chamado “perfilamento racial” nas forças de segurança nos níveis federal, estadual e municipal. O projeto foi interrompido no Congresso em 2021.
Perfilamento racial (em inglês racial profiling) é um conceito no qual agentes públicos, principalmente policiais, supostamente utilizam a raça, etnia ou indicadores relacionados como critério para fundamentar suspeitas criminais.
Harris, Biden, Obama e eleitores negros
Os acenos surgem em meio às pesquisas recentes, as quais indicam o apoio de homens negros a Harris como inferior em relação ao que o atual presidente dos Estados, Joe Biden, recebeu em 2020, quando foi candidato.
Para reverter essa situação, sua campanha emprega esforços em estados decisivos, como Michigan, onde o ex-presidente Barack Obama e outros aliados têm mobilizado o eleitorado.
Na semana passada, Obama apelou aos homens negros para que apoiem Harris.
“Vocês estão pensando em ficar de fora ou apoiar alguém que irá rebaixar vocês? Por que vocês acham que isso é um sinal de força? Por que isso é considerado ser homem? Colocar as mulheres para baixo não é aceitável”, declarou Obama, se referindo indiretamente a Trump.
Na segunda-feira (14), antes de discursar na cidade de Erie, na Pensilvânia, Harris anunciou um plano de oportunidades para homens negros empreendedores, com subsídios para iniciarem e expandirem seus negócios. A candidata declarou que dará a eles empréstimos de US$ 20.000.