Na terça-feira (1.º), trabalhadores portuários da Costa Leste e da Costa do Golfo dos Estados Unidos iniciaram a maior greve da categoria em quase 50 anos, interrompendo o transporte de mercadorias essenciais em dezenas de portos, do Maine ao Texas.
A paralisação, que afeta cerca de 50% do transporte marítimo no país, surge após a falha nas negociações por um novo contrato de trabalho, especialmente em relação a salários. A greve gera preocupações sobre os impactos não apenas nos EUA, mas também a nível global, podendo afetar inclusive o Brasil.
Especialistas alertam que essa interrupção no fluxo de mercadorias pode levar a prejuízos bilionários para a economia americana, ameaçando empregos e potencialmente impulsionando a inflação. Entre os produtos afetados estão alimentos, automóveis e diversas mercadorias que dependem do transporte marítimo.
A coordenadora de Relações Internacionais da Faculdade Mackenzie Rio, Fernanda Brandão, destacou que a greve se soma a uma série de desafios enfrentados pelo transporte marítimo.
Entre eles, estão as secas que dificultam o uso do canal do Panamá, conflitos internacionais que desviam rotas de comércio, e uma alta demanda pós-pandemia que a indústria naval ainda luta para atender.
Caso a greve se estenda para os terminais de operações a granel, ou seja, aqueles terminais responsáveis por algumas das principais exportações, a exemplo da soja, o Brasil pode ser rapidamente afetado, alertou Conrado Ottoboni Baggio, professor de Relações Internacionais.
Os trabalhadores portuários, representados pela Associação Internacional dos Estivadores (ILA), reivindicam aumentos salariais que reflitam o aumento da inflação nos EUA.
O líder da ILA, Harold Daggett, afirmou que as propostas apresentadas pelos empregadores, incluindo um aumento salarial de quase 50%, não foram suficientes para atender às expectativas dos trabalhadores. Os grevistas lutarão pelo tempo que for necessário para obter os benefícios, de acordo com Daggett.
A greve, que bloqueia o transporte de mercadorias em 36 portos dos EUA, é vista como pressão crescente sobre a economia americana. As empresas que dependem do transporte marítimo para exportar produtos, bem como garantir importações cruciais, estão preocupadas com as consequências a curto e longo prazo.
A ILA fez o anúncio da paralisação um minuto após o prazo final de negociações com o grupo patronal Aliança Marítima dos Estados Unidos (USMX). A falta de acordo e as exigências de aumento salarial, num contexto de inflação crescente, foram os principais fatores que levaram à greve.